segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Ima de geladeira

Há um mundo bem melhor...
Só que é caríssimo!

19 anos

Aos 19 anos, faltam 22 para os 41.
Aos 19 anos, não se tem a menor idéia do que serão os 41.
Aos 19 anos, tudo que se tem são planos e paixões.
Aos 41 também. A diferença é que você sabe disso aos 41.

Entre 19 e 41 há um mar de experiências a serem vividas, podendo
parecer que um é partida e o outro chegada.
Nada disso. 41 e 19 são partidas e chegadas simultaneamente para qualquer direção.
Podem ser também o mesmo número de uma única equação, descobrir a fórmula é que são elas!

Lembro dos meus 19 tão bem vividos, apesar das muitas obrigações. Lembro até dos sonhos. Casa branca. Portas e janelas azuis. Filhos. Esposa. Trabalho. E uma felicidade de coisas totalmente estanques umas das outras. Mas como é bom amar aos 19!

Há ainda sonhos na realidade dos 41... Aos 19, entretanto, há só um pouquinho de realidade nos sonhos, o suficiente para manter o próprio sonho. Aos 19, tudo é eterno. Até o sonho. Até o amor. Até as casas brancas...

Quando temos 19 podemos ser qualquer coisa aos 41... mas aos 41 só conseguimos ser o que é possível ser, embora exista quem se engane nesse quesito. A eternidade sentida aos 19 permite protelar infinitamente os projetos. Aos 41, não. Os projetos, quando existem, ou são executados ou são alijados, deletados, esquecidos e enterrados de vez. Sem chances de renascimento, porque não há mais tempo para nenhuma postergação. É hoje ou nunca, pelo menos em tese.

Saudade, às vezes doída, dos meus 19, onde várias vezes me vi sonhando com os 41. Era uma idade tão distante, mas chega-se nela num aterrorizante piscar de olhos. Cheguei! E, agora, volto o olhar aos 19 e acho que a vida inteira tive 41.

Pode me chamar de louco com o que vou dizer agora, mas encontrei aos 41 os meus 19! Neste encontro, reencontro os doces beijos tirados da mesma e única boa boca. Eram beijos ardidos de desejos... desejos de outros beijos. Aqueles que ainda viriam, mas todos já se encontravam ali latejantes, esperando o momento de vir a tona. Vieram todos e muitos outros que eu nem esperava. Vieram e me inundaram (e me inundam), provando que 19 e 41 são o mesmo número da equação que transforma passado e futuro numa única face da moeda chamada presente.