quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Severas damas


Normas e Regras, essas duas ladies tão severas, devem resolver problemas e não criar outros.


Não podemos pautar nossa vida na obrigação de atender às normas e regras, mas sim de colocar essas duas senhoras - que podem ser muito gentis - para resolver os problemas. De preferência, dos outros.


Não defendo a anarquia, nem a desordem, mas a quebra dos ossos das duas madames sempre que elas forem severas a ponto de causarem empecilhos a felicidade alheia.


Segundo uma chefe que tive, há duas formas de olhar um problema. Uma é querendo resolver. A outra é não querendo resolver. Para esse olhar, as normas e regras funcionam como escudo.
Deus nos salve desse olhar ruim!

Estranhas supertições

Sou superticioso e ao longo dos meus anos de existência venho colecionando várias e criando outras.


Tenho temores estranhos nascidos de supertições inexistentes... O que vem a ser isso? São supertições não catalogadas. Exemplo? Acreditar que há algum tipo de sinal por simplesmente passar por um poste de iluminação pública e ele se apagar ou se acender no exato momento em que você passa. Isso acontece tão frequentemente comigo. Já aconteceu de uma rua inteira ficar no breu... Não é mesmo para ficar encismado?

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Renúncia

Não conhecia o poderoso efeito do deixar de fazer ou desejar algo que queria muito. Duvidava que fosse capaz, porque parecia difícil, impossível e doloroso até descobrir que a dor é proporcional ao tamanho da vontade em querer deixar de fazer.

É preciso ter vontade. Se ela não existe, deve-se pedir a Deus, ao cosmo, a vida, aos orixás, aos santos ou qualquer entidade, crença, ou sistema de valores, onde você deposita a sua fé, mas é preciso pedir se você não tem. Eu pedi e consegui.

Desistir de um desejo, um sonho, um vício, um objeto é um ato de vontade madura, que nasce de centenas de tentativas mal sucedidas. Uma vontade de querer desquerer que, às vezes, demora para vir a tona, mas ela vem. A minha veio.

Ao conseguir, leves e fáceis de abrir tornaram-se as portas antes trancadas e extremamente pesadas. O salão que elas me conduziram é impossível de ser descrito em palavras. Melhor mesmo é viver a experiência. Quer tentar?

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Milagroso álcool

Ainda vou entender melhor o poder que o álcool tem de subverter urgências, prioridades e realidades... É como um milagre da transfiguração.

E vem alguns evangélicos dizer que o vinho que Jesus bebia era desprovido de álcool. Com todo o respeito, faça-me o favor!

Ok. O ácool transforma muita situação trivial em urgência médica, funerária, carcerária, legal etc. Concordo, mas isso tudo está em minha mente ao escrever este post.

domingo, 4 de novembro de 2007

Torquato às três da madrugada

Quase tudo que sentimos já foi expresso de alguma forma pelos poetas. Somos tão iguais nas nossas vulnerabilidades. A diferença, se há diferenças, são os matizes e a maneira como conseguimos nos expressar.

Uns transformam seus sentimentos em tragédia. Outros em arte, outros em angústia e há aqueles, contudo, que não expressam. Calam-se na falsa indiferença de si mesmos até implodirem.

Eu sou mais do time que oscila entre a tragédia e a poesia... rs. E dependendo da situação é tragédia grega "sofocliana". É muito "tomate"! Mas, geralmente, eu tento me deter na poesia...

Ontem, por volta das três da madruga, uma solidão absoluta tomou conta de mim. Não era uma sensação ruim. Era só estranha, porque não conseguia defini-la. Não havia motivos, pelo menos claros. Acabara de sair de um encontro com amigos e a noite havia sido excelente.

Entretanto, após deixar uma amiga em casa, senti-me só no mundo. Como se não houvesse absolutamente nada, nem ninguém a não ser eu mesmo. Não resisti. Desliguei o CD e tentei dialogar com aquele silêncio todo...

Para não perder a riqueza daquela emoção, gravei no celular tudo que me vinha a cabeça. Sabe que gostei? É feio se auto elogiar, mas eu gostei da gravação, embora as frases sejam meio sem nexo e redundantes. Vou tentar colocar aqui a gravação e não apenas o texto.

Tomei coragem e mostrei a um amigo a gravação. Falei que aquilo era um projeto de post para o meu "brog". Ele ouviu e com sua cultura oceanica, disse-me que Torquato Neto, o poeta tropicalista, tinha uma canção cujo sentimento era parecido com aquilo que eu expressava.

Não demorou e trouxe das suas gavetas a música "Três da madrugada", interpretação de Gal Costa. Em nenhum momento passou pela minha cabeça, acredite, me comparar ao grande Torquato em sua poesia. Muito menos foi essa a intenção do meu amigo...

São apenas referências... Para meu amigo, essa letra é a referência da música mais triste da MPB. Para mim, tornou-se uma das referências de poesia que sabe me descrever como eu mesmo não consigo...

Clarice, Pessoa, Jacinto, Quintana, Cecília, Renato e Lulu encontram um novo amigo nas cirandas silenciosas e solitárias das madrugadas... Bem vindo Torquato!

Solidão e o silêncio como resposta

Da onde vem esta solidão que até o vento se cala ante essa simples pergunta?
Da onde vem esta solidão que nada, nem ninguém consegue estancar?
De onde surgiu? De onde vem e pra onde me leva esta solidão?

Perguntas e perguntas cuja resposta é o silêncio desta madrugada.
Não encontro nenhum resposta a essas perguntas. Apenas o silêncio de tudo.
Do vento, das flores, das árvores e dos jardins. Até o motor do meu carro silenciou.

Nada e ninguém conseguem me responder. Nada e ninguém conseguem sanar e preencher tamanha solidão....

Já sei o que vou fazer... Nada. Absolutamente nada! Não há nada a fazer. O que não há resposta e nem remédio, respondido e remediado está.

Três da Madrugada

Três da madrugada, quase nada

A cidade abandonada

E essa rua que não tem mais fim

Três da madrugada, quase nada

A cidade abandonada

E essa rua não tem mais nada de mim

Nada, noite, alta madrugada

Nessa cidade que me guarda

Que me mata de saudade

É sempre assim

Triste madrugada, tudo e nada

A mão fria, a mão gelada

Toca bem de leve em mim

Saiba: meu coração não vale nada

Pelas três da madrugada

Toda palavra calada nessa rua da cidade

Que não tem mais fim...

Que não tem mais fim..

(Carlos Pinto/Torquato Neto)

sábado, 3 de novembro de 2007

Culpa e o movimento do Mundo

"A culpa move montanhas" parafraseava o trecho biblíco uma amiga brilhante que tenho. Hoje, em decorrência de várias mudanças na vida dela, duvido que ela repetiria a frase. Entretanto, transcorrido generoso tempo, vejo que ela estava e está coberta de razão.



A culpa realmente move montanhas e vontades.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Tracinho malvado

Recebi um convite para ir a "uma performance poético-visual-musical"... Estou em dúvida até agora se vou ou não. Tudo por causa do hífen. O malvado tracinho ao acorrentar as três palavras, ignora a existência de cada uma e cria um terceiro sentido que pode não ter nada a ver com as três palavras originais... Entendeu?

Tudo bem que vivemos na era das convergências, dos ultra pós qualquer coisa depois de Drummond e Cia Ltda.... mas póetico-visual-musical hifenado pode ser tudo e nada, absolutamente nada do que acho que penso que pode ser o que é...

Como tenho andando muito pouco curioso, deixo aqui a dica do show. Quem for, me conta depois. Ih ao ir resgatar o e-mail vi que o show foi ontem....

Segundona e minhas obviedades

Hoje é o dia nacional das dietas, do parar de fumar, do arrumar um emprego novo, consertar o carro, voltar para as aulas do Inglês. E por aí vai. Se você vive na terra e é humano, com certeza já se viu fazendo alguma promessa para iniciar alguma coisa na segunda-feira.

Eu lembro como se fosse hoje o dia em que decidi parar de fumar. Foi numa segunda. E consegui parar muitas segundas depois. O meu primeiro emprego, de carteira assinada, também começou numa segunda-feira, lá pelos idos de 1982... Era um menino.

A vida realmente parece começar na segunda, em ciclos intermináveis no decorrer dos anos. Acho até que a nossa idade deveria ser contada em segundas. Eu, por exemplo, teria aproximadamente 2.160 segundas-feiras, embora tenha nascido numa quinta-feira.

As vagas dos estacionamentos teriam as seguintes placas: "para os que já viveram mais de 3510 segundas-feiras. Em termos numéricos, impressiona muito mais do que os meros 65 anos. Cacilda! Vejo agora que faltam apenas 1350 segundas para eu ter vaga especial...

Falando nisso, quantas segundas mais viverei? Em quantas delas começarei ou recomeçarei alguma coisa? Em quantas, ainda, deixarei simplesmente me levar pelo séquito bovino? Questionamentos próprios de quem já ultrapassou a 2000º segunda-feira de existência.

Aliás, perguntas avaliativas sempre são adequadas às segundas. Nunca as sextas. Sexta é o fim de semana chegando. É um outro início, uma outra história, um outro post... Fale quem quiser falar das sextas...

Há quem ache a segunda muito chata. Eu não. Eu não gosto é do domingo, porque a música do Fantástico torna a expectativa da segunda uma coisa abominável. Eu já nem ligo a televisão aos domingos...

E hoje é segunda! Bem poderia ter iniciado alguns planos e projetos... Adiei. Fica prá próxima... O meio da semana é curto demais para projetos novos.... rs. rs.

Enquanto as próximas segundas não vêem não me sai da cabeça: "Eu gosto tanto de você que até prefiro esconder. Deixa assim ficar subtendido. Como uma idéia que existe na cabeça e não tem a menor obrigação de acontecer..."

Se você achou que a música do Lulu Santos grudou em mim por causa de alguma paixão, errou feio! Tem muito mais a haver com trabalho do que com qualquer outra coisa... mas não vou explicar...

... Até queria estar vivendo uma história platônica, mas depois de 2 mil segundas-feiras vividas, fica difícil viver qualquer história platônica. rs. rs. Mas não é impossível apaixonar-se. E isso há de valer até a última segunda-feira de minha vida.

domingo, 28 de outubro de 2007

Um mundo diferente

"Um outro mundo é possível, mas é muito mais caro". Rs. rs. A frase trazida de longe de uma amiga recém chegada faz pensar...

sábado, 27 de outubro de 2007

Não me venha...

Por favor, não me disponibilize nada e nem pense implementar seu plano para alavancar a resposta nacional de empoderamento de grupos vulneráveis...

Por favor, não me venha com rapapés, salamanquees, neologismos, conceitismos, anglicismos que só você e o seu grupo conhecem e articulam.

Share é fatia em português. Target é alvo. Custa articular assim? "Estar entrengando" qualquer coisa só entrega a indigência mental de quem está falando.

A língua é viva, mas não é doida e nem descriteriosa. O "nós vai" ou o "nós fica" é mais lógico do que as babaquices linguísticas reproduzidas pela arrogância intelectual.

Poupemos o mundo de mais confusões. Sejamos simples, claros e diretos ao escrever. Não é subestimar. Não é avacalhar. É somente respeitar a grandeza do nosso idioma.

Vírus no escritório

Trabalho desde os 14 anos. Com a idade atual, dá para ter acumulado uma certa noção de sobrevivência no ambiente profissional. Entretanto, nos últimos anos. Tem crescido, assustadoramente, uma epidemia, melhor, uma endemia virótica.

O vírus começa sozinho... Você vai e elimina. Depois vem mais um, mais um, mais dois, mais cinco, mais 10, mais trinta! É impressionante a capacidade multiplicativa desse praga moderna chamada e-mail.

Veja se você já não está infectado. Os primeiros sintomas são: irritação, estresse, confusão mental. Depois vem o catatonismo: nádegas grudadas a cadeira e os olhos estáticos presos a tela do computador. O último estágio é a total incapacidade produtiva-executiva.

Parece piada, mas vc já contabilizou quantos malditos e-mails você recebe por dia? Eu, como sou meio orelha seca no meu trabalho, recebo entre 50 e 60, podendo chegar a 70 nos dias de pico. E a minha organização é pequena. Em torno de 100 pessoas em todo o Brasil.

É possível trabalhar bem recebendo 60 e-mails por dia? A coisa é tão louca, que quando eu paro para responder a um e-mail, já chegaram mais 4, as vezes 5 até 10, dependendo da complexidade do que estou escrevendo...

Viajar a trabalho? O retorno é um pesadelo. Você nunca mais consegue colocar o seu maldito mailbox em dia. E eu me pergunto se toda essa facilidade de comunicação tem ajudado na organização e no aumento da minha produtividade. A resposta é simples: NÃO!

Falta parcimônia e racionalidade numa ferramenta que poderia nos facilitar a vida e virou motivo de dispersão e sentimentos de baixa auto-estima e queda na produtividade. Tentar esvaziar ou organizar o mailbox é como querer esvaziar o oceano com um copinho....

As pessoas estão esquecendo do contato pessoal. Entregam-se a preguiça de descer ou subir alguns lances de escada, ou virar a esquerda e encontrar pessoalmente o colega na sala ao lado. Esquecem de uma coisa chamada telefone. Como é bom ouvir a voz humana... (Ok. Nem sempre é bom ouvir a voz de alguém... mas é menos irritante do que ler...aposto!)

Pra piorar há ainda os mal educados que teimam em responder as mensagens coletivas copiando todo mundo de novo. Por favor, me poupe dos seus parabéns ao filho do colega que vai casar! Quer compartilhar os seus sentimentos crie um blog!

Também não quero saber do seu relatório de viagem se ele não vai me ajudar em nada no que estou fazendo. Então, envie o seu relatório somente pra sua chefia (a quem você deve satisfação), não há mim. E os parabéns envie para o nosso colega e filho. Eles vão gostar de receber.

Spam não vou nem comentar. Correntes de anjo da guarda e pedidos não dá nem pra perdoar. Não passe a frente essa bobagens. Porque na maioria das vezes, esses pedidos de doação de õrgãos, sangue, medula etc. são mentiras.

Então se você não conhece quem está pedindo não passe a frente. Ou então vá lá e doe algum do seu órgão, mas não me incomode com essas bobagens! Se um dia você ou alguém que você ama precisar, pode contar comigo, mas por favor não me peça isso por e-mail.

Outra coisa. A infeliz frase "para seu conhecimento" quase sempre me arrepia, porque anuncia quase sempre textos longos e pesados, que só vão me estressar porque eu não vou conseguir ter tempo nem disposição para "conhecer" e quando consigo conhecer, não sei o que fazer...

Façamos um trato. Só me envie coisas para o "meu conhecimento" se realmente for me ajudar em alguma tarefa que tenhamos previamente conversado. Fora isso, não julgue que os seus interesses sejam os mesmos meus.

Li uma bobagem outro dia que dizia que devíamos dedicar apenas duas horas do nosso dia para ler e responder e-mails. Eu, sinceramente, não sei se existe alguém que consegue trabalhando numa organização com no mínimo 30 pessoas. Você consegue?

Não mete a mão!

Não mete a mão! Porque quando se mete a mão a coisa acaba crescendo e acaba f... quem meteu a mão.

A frase jocosa é real. Quem já trabalhou ou trabalha com publicação sabe do que estou falando... Quando mais se mexe em rascunhos, mais as folhas procriam e o projeto que previa inicialmente 20 páginas, transforma-se em 60!!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Expectativias

...

Expectativas II

Expectador, expecador, excatador, expecsflur! Expecto, expectorante, experiências negadas.

Expectativas

Disse que ligaria. Não ligou. Disse que me encontraria. Não encontrou. Até quando a poesia esperará pelo ponto-e-vírgula final?

Poética

A poesia reside no país da minha cama. São nas rugas dos lençóis e fronhas que pessoas, quintanas, jacintos, clarices e cecílias são muito mais artistas, muito mais poetas, muito mais insanamente conjugáveis e declamáveis. Por isso que é pra lá que vou, agora, neste exato instante. Porque sem poesia ninguém vive não.

Sem título

00h51, exatamente três minutos após ter decidido escrever algo para alimentar este tão negligenciado "brog"... Entre um gole e outro de cintilante rubro choroso vinho, alinhavo pensamentos, remoendo alguns sentimentos.

Estou só em casa, cercado de sons que vem da relegada TV. Da rua, vez por outra, sons de pneus atritando o asfalto ajudam-me a dispersar. Quem serão esses seres nortunos escondidos em suas máquinas e pra onde se dirigem a tal hora? Pergunto-me sem muito interesse em saber. Embora não seja difícil imaginar.... Moro muito próximo a um tradiconal ponto de prostituição de rua aqui em Brasília.

Bem, voltemos aos meus pensamentos. Eles agora fluem melhor. Acabo de desligar a TV e fechar a janela, do meu quarto; as janelas do coração estão abertas, mas sem vistas. O vinho já acabou e acabo de devorar um último pedaço de generosa barra de chocolate. Tudo se rende a esta massa escura.. Tudo... e já escrevi sobre isso...

Deixando as divagações, lembro do nosso diálogo outro dia. Falava-me você do cansaço que a vida lhe dá, a falta de esperança e as mesmas babaquices cotidianas que tiram a paciência de qualquer monge. Falava-me ainda que o ser humano é, realmente, o bicho mais escroto que existe. Ao falar, pedia-me para não trazer nenhuma palavra ou frase edificante. Dizia que a sua desesperança era tão inominável que não cabia citações e nem títulos, muito menos resgates.

Não sabia o que dizer. Calei. Achei melhor deixar que os meus ouvidos falassem. Acho que falaram e foram obedientes em não cogitar uma só palavra edificante. Sabe por quê? Porque você tem toda razão! A vida anda uma merda (não a minha, graças a Deus!) no atacado. Entende? No varejo, para algumas pessoas, até que o negócio vai bem... mas para a maioria tá ruim mesmo. Então você tem toda a razão de achar da maneira que acha e ver da maneira que é possível ver.

... ... ... ... ... ... .. . mas não consigo calar uma pergunta. E, por favor, não se irrite, novamente. O que quis dizer, ou melhor, saber quando fiz a pergunta era o seguinte: Você realmente acredita que se fosse diferente você estaria melhor? hum? Será que a cota de desesperança que carrega não é exatamente uma maneira de provocar uma reação contrária? Pergunto, porque uma coisa me parece certa, ao chegar ao fundo do poço não há como afundar mais. Então você para e fica inerte, alheio a merda em que está ou se debate, debate e tenta subir. Acho que você é do tipo que tenta subir. Está tentando subir. Tanto é que está se debatendo entre lamúrias e queixas... ... Quer uma mão? Tenho duas.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Escolhas certas ou erradas, mas escolhas

A vida é feita de escolhas. A afirmação é óbvia, mas o resultado dessas escolhas quase nunca tem nada de óbvio, muito pelo contrário costuma surpreender.

Há quem faça escolhas tão "certas" aos olhos do senso comum, cujos resultados, entretanto, são desastrosos... e o inverso também é verdadeiro. Os casamentos são excelentes exemplos para as duas situações.

Há ainda escolhas que acabam nos levando diretamente, sem escalas, para os braços da fatalidade. Já há outras que nos livram delas... Os aviões não me deixam mentir. Saber é que são elas. Como saber a melhor escolha?

"Ouça o coração! Ele nunca se engana", há quem diga. hum! Balela. Conheço muita gente que vive se dando mal exatamente por ouvir o coração.... Não é isso. Ou pelo menos não é só isso e eu não tenho a menor idéia! Vivemos num imenso nevoeiro.

Acho que quase nunca saberemos. Acho ainda que nem devemos saber. O que devemos ter em mente que o poder de fazer escolhas é em si uma dádiva. Aí vem você e pergunta até que ponto
podemos escolher? De novo, não tenho a menor idéia.

Contudo, hoje é claro pra mim que a pior das escolhas é agir superestimando sua importância. Exemplo? Quando você escolhe sacrificar-se por alguém. Geralmente, esse alguém nem percebe e ainda te sacaneia, mesmo "sem querer".

Renúncia; sacrifícios; provas homéricas de fidelidade, amizade e companherismo; braços e corações abertos as lágrimas alheias, são muito bons para nos deixar em paz conosco, porque os alvos de atos tão nobres costumam ser de uma indiferença e insensibilidade de morte...

A vantagem (sempre existe alguma) é acordar para a realidade e perceber que a nossa real importância é proporcional ao nível da necessidade das pessoas com as quais nos relacionamos. Se você tem "amigos" sabe o que estou dizendo.

Escolher fazer qualquer coisa pelos outros, esperando suprir a nossa própria carência de afeto e carinho, além de ser um equívoco gigante, é decepcionante, porque dificilmente você os terá. E nem agradecimento e muito menos reconhecimento.

Por isso é inteligente escolher fazer qualquer coisa em prol dos outros simplesmente pelo ato em si. Pode parecer egoísmo, talvez até seja, mas seguramente evita muita desilusão e cara de tacho, como adorava dizer os meus avós.

E falando em escolhas. Neste momento escolho ir para a minha cama. O texto tomou um rumo inexperado. Estou sem forças para domá-lo. Preciso dormir. Amanhã viajo a trabalho. Espero ter escolhido o vôo certo. Certo ou errado, eu escolhi.

domingo, 14 de outubro de 2007

Legião Urbana - Quase sem querer (ao vivo)

Agora que o sábado se foi e agoniza o domingo, encontro está pérola... Se fosse eu a tivesse escrito, não conseguiria que me descrevesse tão bem... Assim, junto-me ao clube daqueles que são fãs do saudoso Legião e, mais do que fãs, fazem das músicas a sua própria história. E vc o que acha?

sábado, 13 de outubro de 2007

Voltei!


Que saudade que estava de você! Pois é, me ausentei por um bom tempo. Aliás, tempo de mais para um blog, mas conto com a sua compreensão. Tanta coisa mudou nesses dias. Mudei de emprego e de peso. Mudei de rotina. Mudei de alegrias e até de aborrecimentos, que ficaram bem menores por hora....


Estou de volta. É bom. Sinto o seu abraço apertado e caloroso. Aquele mesmo abraço de aeroporto quando chega a pessoa amada. Obrigado! Pena que escolhi o sábado para reestreiar o meu "brog"... Tenho desenvolvido uma certa aversão ao sábado, principalmente as suas noites... O que fazer nas noites de sábado? Que cor poderia pintar as paredes caladas do meu quarto?


Que sons poderia eu tirar do cinza dessas noites de sábado, sem lua, estrelas ou sonhos? Quero antes a agonia da vinheta do Fantástico a me causar o mesmo pavor que anunciava a segunda-feira inevitável com as aulas a 7 da matina. Era pra herói... Ainda é... Só mudaram os CEPs e a escola, que hoje chama-se emprego.


Enquanto escrevo e penso nos planos não realizados neste final de semana, lembro de Cecília Meirelles. Lembro especificamente da poesia "Retrato". Você conhece? Eu tb não conhecia. Passei a conhecer recentemente com a Band News FM. Paulo Autran, o ator que se foi, declamava na dita rádio. Legal de mais... Próprio para as pessoas que têm 40 ou mais...


Caso tenha tido curiosidade em relação a poesia de Cecília, eu a coloquei no meu orkut. No meu álbum de fotos. Passa lá pra ver.




Ah, não estou down... Relendo agora os parágrafos, parece que estou pesando... não é nada disso. Estou muito feliz com as mudanças na minha vida. Só estou aborrecido, apenas um pouco, porque hoje é noite de sábado.


Agora que percebo que este é o meu 40º texto. Confesso que escrevi muito menos do que queria e muito mais do que podia.... Viva sábado com os seus terrores!

domingo, 26 de agosto de 2007

Mágoas


Não importa o tanto que alguém diga que goste de você ou até mesmo goste de verdade. Esta pessoa um dia vai te magoar. Da mesma forma, não importa o tanto que você goste ou pense que goste de alguém um dia você vai magoar esta pessoa. A mágoa surgirá pelos mais "justos" e "injustos" motivos. Entretanto, justiça e motivos pouco importam, ante o coração de quem sofre no momento em que sofre.


Digo isso, porque a visão da "vítima" raramente é a mesma do "algoz". Porque se fosse não haveria mágoas. Haveria um entendimento mútuo. Entre eles há uma corda imaginária da justiça, do ético, do correto e o da verdade (sempre ela), onde cada um puxa uma das pontas opostas querendo trazer para o seu campo o oponente. No fundo, essa disputa imaginária, em muitas situações é para ver quem ocupa o lugar de "vítima" ou o do "sacaneado". Claro que isso não se aplica a todas as situações. Estou me referindo as situações de mágoas que envolvem a nós e as pessoas que nós gostamos ou pensamos que gostamos.


Uma história judaica (gosto muito da cultura judaica, embora conheça pouco) conta que havia dois rabino discutindo sobre o Talmut. Como eles não se entendiam, foram procurar um terceiro para resolver a pendenga e dizer qual dos dois tinha razão. Esse rabino era muito admirado pelo seu alto senso de justiça. Pois bem. Chegaram na frente do colega e cada um expos o seu "ponto-de-vista". Ele ouviu a ambos atentamente, cada um a seu tempo. Alguns minutos de reflexão... E disse ao primeiro, "você tem razão". O segundo perplexo indagou "como? Não é possível!". O rabino falou: "você também tem razão!" A esposa desse rabino que ouvia tudo em silêncio falou: "marido, como pode os dois terem razão?. Isso não é possivel!". Ele vira para esposa e diz "sabe que você tem razão!".


Não vou comentar a história, porque cada um tem as suas próprias conclusões. Só quero chamar atenção para uma expressão muito corriqueira entre nós que é o tal do "ponto-de-vista" nem sei se a expressão é hifenada. Se não for, me corrijam. Uma professora de Estética, nas minhas priscas eras de graduação, aliás uma as mais brilhantes que já tive a oportunidade de me deparar, dizia algo parecido com isso: "todo ponto-de-vista é cego, porque é limitante, porque coloca o próprio ser como medida de si mesmo e de tudo que há. É necessário esvaziar-se de si para integra-se ao todo". Parece conceito budista e até acho mesmo que é... Para reforçar a tese, ela trazia um diálogo entre Édipo e sua filha Antígona registrado por Sófocles na peça"Édipo Rei". "Antígona, só agora que estou cego e perdi o meu reino é que realmente consigo entender o que é ser".


Você ao acabar de ler talvez diga que eu não tenha a menor razão. E eu direi, sem o menor deboche, "sabe que você também tem razão?"



sábado, 18 de agosto de 2007

Dois dedos de manteiga


"Dois dedos de manteiga e um pedaço de carne dentro". A frase irritou-a profundamente. A cena do clássico, que ele alugara na videolocadora, já a deixava constrangida perante o novo pretendente, mas a frase dita em tom descritivo foi arrasadora para as suas expectativas.

A kit-estúdio dele era suficientemene aconchegante para o segundo encontro. Ela aceitou o convite para o jantarzinho íntimo seguido da sessão DVD com direito a pés e braços enrolados debaixo do mesmo edredon.

Tinha velas acessas e comida japonesa. O vinho era bom e a noite fria só aumentava a expectativa... mas a frase... ah frase que ele, jocoso, disse... Tentava não ligar muito para a irritação que a situação começou a lhe causar...
mas "Dois dedos de manteiga...!" era de mais. A frase soou como uma sugestão nada feliz. Não teve escolha. Pegou a bolsa e retirou-se da cena, interrompendo assim um roteiro que mal acabara de iniciar.

Sexo anal realmente é um tabu para as mulheres e um fetiche para a maioria dos homens, pra não dizer todos, mesmo os religiosos. Entretanto, conheci uma mulher que teve a coragem de me dizer que só se realizava com tal prática.

Com o meu pretenso liberalismo fiquei chocado. Sim. Porque acabamos nos acostumando com a idéia de quem gosta de sexo anal são só os gays, assumidadamente passivos, ou as mulheres "levadinhas", pra não dizer "vagabundas", como a sociedade hipocritamente as classifica.

A maioria, inclusive das mulheres, acha exatamente isso que a mulher que "dá o..." é vagabunda. As mais engajadas na luta pela igualdade dizem que a prática é um ato de submissão... Será? Essa mulher que tive o prazer de conhecer não era nada submissa.

Tabu ou não a cena de Marlon Brando e Maria Schneider transformou-se num marco do cinema. Entretanto, o "Ùltimo Tango em Paris" deixou muitas mágoas na atriz.

Maria Schneider, hoje com 54 anos, conta que nunca se sentiu tão humilhada. A cena não estava no script. Foi sugerida por Brando e aceita pelo diretor, Bertolucci, de quem a atriz tem as piores referências. Conforme nos revela Ricardo Calil no seu post Maria Schneider renega 'O último tango em Paris'.


Um amigo meu acaba de me informar que Tony Bentley, autora do livro "A entrega - memórias eróticas" em entrevista a jornalista Carla Rodrigues contou preferir o sexo anal, segundo ela a prática é “Um ato de submissão espiritual".

Buscando pela internet encontrei a seguinte referência sobre o livro: "a autora afasta o véu que esconde a experiência erótica proibida desde os tempos bíblicos e celebra a felicidade que existe do outro lado das convenções, onde o risco é real e onde reside o êxtase".

Nada de dedos

A boa velha novidade é que tenho a dizer que tudo está muito bem com o meu exame de PSA. O resultado ficou pronto na segunda, mas só pude pegar na terça e como a vida não anda nada fácil, só hoje, sabadão, consigo dar a boa notícia, claro que pra mim. Pra vc que me lê talvez seja indiferente.

domingo, 12 de agosto de 2007

Não está funcionando!

Lembra que te contei que estava fazendo dieta para perder 8 quilos em 30 dias? Pois é... Não está acontecendo nada. Uma semana depois de diversas privações, não perdi nenhuma grama. Nenhuma, mesmo!

Cacete. Olha que abandonei o pão nosso de cada dia, emplastado da santa e pura manteiga derretida ao se esfregar lânguida e submissa ao calor do "francês". No lugar desta mistura indecente e deliciosa, coloquei o omelete, óbvio que feito somente de claras! Espaguete no almoço? Nada disso! Broto de feijão no lugar. E aquela malfadada lasanha quatro queijos, vendida pronta, cujo o único trabalho do famélico cidadão é ajustar o botão do microndas em miseráveis e eternos 15 minutos!? Fora também! No lugar... hummm nada substitui a lasanha quatro queijos!

Fiquei sete dias (ok, seis) sem uma taça do vinho, amigo mais-que-perfeito de qualquer ser humano. E nada! Não diminui nenhum um centímetro da barriga, nem emagreci uma grama sequer. A culpa, quero crer, foi da pérfida gelatina light! Nunca confie numa! Tudo bem que exagerei. Fiz uma sabor framboesa com leite de soja. A intenção era enganar o paladar e fingir que comia uma deliciosa e calórica mousse feita com leite moça, creme de leite e tudo o mais.... Acho que enganei tão bem que as minhas células persistentes adiposas acreditaram e trataram os 4 potes que comi, como se fossem, verdadeiramente a mousse... Se não foi isso, foi vingança por nunca saber ao certo qual é o gênero da palavra mousse... É "a" ou "o" mousse? Sei lá... Tanto faz. A gordura não liga a mínima para a gramática, mesmo!

Preciso perder 30 quilos em oito dias.. ops... digo oito quilos em 30 que agora já são 23.... Como fazer? Fiquei tão frustrado ao perceber que o meu peso não arredou pé, que me preparei uma vingança daquelas. Hoje me entupi de carboidratos.... Foram 6 gramas no Whein Protein! Mais 14, com diet shack, incluíndo 20 gramas da barra Trio Protein.. O que mais...? Ah!? 28 gramas do pacote de 55 gramas do Doritos (sabor queijo)... O que mais??? hummmm.... acho que umas 18 gramas da sopa de brócolis e pimentão que acabei de fazer.... Acabo de lembra de 4,5 gramas do chocolate da Kopenhagen, que tive a cara de pau de comer, tem ainda as nozes, o puré de mandiocas, as duas garrafas de vinhe... deixe me ver, somando tudo isso..... caral##$$#$ !!!!!! Estorei a minha cota de carboidratos por uma semana! Estou vingado!

Amanhã, contudo, será um novo dia... Vou dar uma volta inteira correndo de joelhos no Parque da Cidade, fazendo a oração: "sai gordura desse corpo que não te pertence! Sai, sai, agora! Metabolismo santo, em nome do deus da boa forma, mande todas as minhas células adiposas pro fundo da urina que jorra abundante das minhas entranhas, Amém"!

Em tempo, não sou vaidoso. A recomendação de emagrecer é médica, ok? A propósito, amanhã pego o resultado do exame do PSA... Caso dê algum problema, conheço um urologista que tem mãos e dedos de princesa.... Eu só não posso é me apaixonar...
Lá vou eu!

Comida de Astro

Meu segundo prazer preferido na vida é comer. O terceiro é rir. Juntar os dois é uma dádiva.

sábado, 11 de agosto de 2007

Almoço de sábado

Antes de sair do pretensioso restaurante a quilo onde acabara de almoçar, notei uma mesa enorme com uma senhora com seus aproximados 80 anos, sentada a cabeceira, rodeada, provavelmente, pelos filhos, noras, genros e netos. Todos bem vestidos, com certo status social.

Não pude deixar de pensar meio que tomado daquelas indignações cotidianas: "Isso aqui é lá lugar pra trazer a mãe para um almoço em família!?. Aposto que pagam mais de R$ 100 o prato no restaurante onde costumam levar a amante! Pra mãe, serve qualquer espelunca!". Mastigava em silêncio meu julgamento sumário, quando quase pensei em voz alta: "Mas afinal o quê que eu tenho com isso?".. rs. rs. Nada, nada, nada.

Sempre fico irritado em restaurantes a quilo. Esse, por exemplo, onde fui hoje, a comida é boa, mas o atendimento é péssimo. O lugar é um pouco sujo. As mesas não são limpas nem trocadas as toalhas. Os garçons não falam, ruminam. No caixa, as pessoas são um pouco mal educadas, quase grosseiras. Realmente é muito difícil imprimir um certo profissionalismo em negócios de família, como parece ser o caso desse estabelecimento.

Aí você me pergunta o que me fez comer lá. Primeiro, fica perto de casa. Segundo, tem uma variedade razoável de pratos quentes e saladas. Terceiro, estou em época de economias. E, por fim, sou um pouco masoquista... Lá vive cheio. O que indica que o padrão de exigência dos usuários é muito baixo ou o meu grau de chatice é muito alto. Aposto nas duas hipóteses!

O engraçado é eles oferecerem "cartão de fidelidade" (parece que virou moda aqui em Brasília esse tipo de coisa). Com orgulho, respondo que não tenho e nem quero ter. Afinal, um prato de comida grátis não vale (não vale mesmo) pagar 10 refeições naquele lugar! Foi a terceira vez que fui. Não vou mais. Eu sempre dou três chances a qualquer lugar que não gosto. Hoje foi a derradeira e, infelizmente, não mudei de opinião.

Nem adianta perguntar que eu não vou escrever o nome do restaurante. Fica no final da Asa Norte em frente ao setor hospitalar. Aliás, comer naquela região é uma tarefa difícil. Já tentei todos! Não salva nenhum. Quando a comida é razoável o atendimento é péssimo. Quando o atendimento é bom, a comida é abaixo da crítica. Aliás, não sei onde anda a vigilância sanitária nesta cidade....

Exceção para o restaurante "Sabor Vital". Tudo ali é feito com cuidado e carinho. Padrão altíssimo de qualidade. O lugar é tão limpo que não teria problemas em comer sentado no chão. O único pecado é o de ser natural. Ando em letígio com trigos, arroz, feijões e similares...

Entretanto, nem tudo está perdido para os "chatonildos" e duros como eu. Mesmo em épocas de vacas magras é possível encontrar boas e baratas opções pra se comer bem. Nesse sentido, a excelente notícia é a volta da Promoção do Visa . São 100 restaurantes da cidade que oferecem 50% de desconto. Vi a lista. Tem opções para todos os humores, inclusive o meu. Não vi nenhum restaurante a quilo. Isso já me alegrou.

Já escolhi onde vou almoçar sábado que vem. Só estou esperando rodar a data do meu cartão de crédito. Ser classe média é isso! Precisa esperar a melhor data de compra do cartão.... ai. ai... Ainda vou pro topo da pirâmide social. Pode aguardar!

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

De volta!

Estou de volta depois de um curto período de férias retardadas... Sim, tirei férias retardadas de você, que me lê neste "brog" e de mim mesmo, porque do trabalho, "ganha-pão", as férias terminaram há uma semana.

Voltar ao trabalho exigiu uma certa negligência de mim mesmo para poder concentrar-me nas pesadas tarefas... Por isso digo que volto hoje das férias retardadas... Entendeu? Não? É apenas um conceito para tentar dizer de forma diferente que voltei a mim mesmo.

Voltei a pensar em voz alta e a cometer a indiscrição de escrever e compartilhar somente alguns desses pensamentos. Não sou louco de escrever tudo que penso... Realmente teria difuldades para trabalhar no Itamaraty.

Mudando de assunto. Você já percebeu que o tamanho da esperança é proporcional à distância do alvo que se tem a frente? Há situações em que a distância do alvo parece tão curto que esperança é quase inexistente. Aí vem o engano!

E falando em alvo, como sinônimo de meta, voltei a fazer dieta. Nada de açúcar, trigo ou vinho. Iniciei, rigidamente, a dieta nessa segunda-feira. Preciso estar oito quilos mais esbelto daqui há 30 dias. Foi recomendação médica, que se casou perfeitamente a minha vaidade desperta.

Ontem fiz uma deliciosa sopa de abóbora. Deliciosa, mesmo. Bem temperada (modéstia as favas) , reconfortante e capaz de saciar a minha fome nervosa. Se você quiser provar me avise que envio a receita por e-mail.

Amanhã, estarei mais aliviado. Hoje fiz ume exame chamado PSA... Coisas que todo homem na faixa dos 40 precisa fazer. Rs. Rs Não ria. Não chegou a minha hora da tão famosa e temida dedada.

PSA é um exame de sangue para averiguar como anda a prostata. A minha vai bem. Então, por enquanto, nada de dedada. Ufa! Quero dizer. Estou falando isso, mas o exame só sai na próxima segunda. Espero que esteja tudo bem. Vai estar, vai estar!

Ainda sobre o PSA é um exame que me deixou muito nervoso. Os caras pedem 48 horas de abstinência de sexo, caminhada, corrida ou qualquer outro esforço fisico. Há ainda um jejum fajuto de quatro horas. Imagina o humor do cidadão! Haja paciência.

Em tempo, estou protelando o exame desde segunda. Portanto, a minha abstinência são de 96 horas! Por favor, só fale comigo amanhã.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Chega de novas descobertas!

Descobertas novas nem sempre são benéficas. Ninguém quer descobrir, por exemplo, que o negócio da China, era, na verdade, do Paraguai. Ou que a pessoa que te deu o fora está namorando, ou ainda, que a pessoa que você está namorando, e você achava que te enrolava, fazendo você se passar por idiota, realmente te enrolava.

Esse tipo de descoberta é uma merda! Há gente, contudo, que acha que são libertadoras da ilusão! O caral*@#*!!!!!!De libertadoras, eu só quero saber do campeonato de futebol! O melhor é não ter entrado na ilusão, do que descobrir que era uma ilusão, ora pois!

Comer sardinha pensando ser salmão é o fim da burrice e cegueira. Acato sua opinião ao me dizer que há aqueles que sabem que comem sardinha, mas arrotam caviar... Eita! Mas desse time eu não faço parte e quero passar longe. Pior do que ser enrolado é enrolar-se a si próprio. Então o seu argumento não me ajuda muito.

Descobri que não quero descobrir mais nada nas relações afetivas. Tenho medo. Não quero deixar de ser testemunha para me tornar mais um dos exemplos.Vem a mente, milhões de exemplos... todos ruins... Eu sei que existem os bons... mas hoje eu só penso nos ruins. Também, tenho ouvido tantas histórias de pessoas sacanas, manipuladoras que seduzem, seduzem até fazer a sua "vítima" (afinal ser seduzido é bom) transformar-se em mais um número frio e inexpressivo da agenda telefônica... Há ainda aqueles que sustentam um relacionamento por anos, anos, anos, por pura conveniência, interesse... Se bem que no campo afetivo "interesse" sempre é uma via de pista dupla.

O fato é que tenho sido testemunha de vários casos, romances, namoros, casamentos e até amizades que chegam ao seu fim, desgastados. Ninguém quer mais perder tempo... É o tal da "fila tem que andar" (já falei sobre isso!). Resta a esperança de transformar o relacionamento desfeito em amizade (será mesmo possível?!!)... Ou, no caso da amizade, na cordialidade fria, própria de Brasília!

Tornar-se amigo de "ex" requer competência que poucos, muito poucos conseguem exibir (eu já aviso que sou exceção, pois consigo). E manter um relacionamento cordial com um amigo filho-da-pu**? Aí, nem eu consigo..ehehehe Em ambos os casos, são necessários uma certa dose de masoquismo... sei lá... abnegação, renúncia.. e amor... Sim, o amor verdadeiro. Não o escambo que apelidamos de amor. AMOR! Aquele descrito no Evangelho: "o amor cobre uma multidão de pecados"! Mas quem tem esse sentimento hoje em dia? Tá em falta no mercado das trocas fajutas. E como tudo é tão fajuto hoje em dia, que quase posso afirmar ser inexistente tal sentimento.

Recentemente gargalhei (de verdade) muito com uma frase que ouvi de um amigo querido ao citar uma outra amiga em comum (como não pedi autorização, tenho que manter o anonimato de ambos). A frase é curta:

"Lugar de ex é no inferno"

Pois é.... descobrir que "o" ou "a" ex está no inferno, principalmente da solidão, é um alívio que até transforma raiva em compreensão. A situação inverte-se, entretanto, quando descobre-se que o ex ou a ex está no paraíso... aí nem ebó é capaz de sarar a dor-de-cotovelo e a insanidade que se apossa de nós! ai, ai... O melhor é não saber. O melhor é não descobrir... deixar cair no esquecimento... E quem for amigo, de verdade, não venha contar! Deixa que caia um piedoso silêncio sobre o assunto...

Talvez seja essa a melhor solução... Relegar ao inferno, pelo menos do esquecimento, "os" ou "as" ex das nossas vidas. Ainda bebendo na fonte inspiradora do Evangelho: "Que os mortos enterrem os mortos"... Então que todos os ex se enterrem até o cabeça, não deixando nada de fora. Que sejam bem felizes, mas não muito e nem a vista.

Faça-se um trato entre todos os ex: leve a sua felicidade pra bem longe que eu tento não descobrir mais nada sobre você.

PS. O Tylenol PM (presente de uma amiga) tem me livrado da insônia...
No sonho me dizia:
"Não me culpe por estar vazio de você."

Eu não culpo.
É a poesia que lamenta.

(Jacinto Fabio Corrêa)

sábado, 21 de julho de 2007

Aviso

Estou avisando desde já que moças, senhoras, rapazes sensíveis e os politicamente "corretos" não devem ler o post aí de baixo. O aviso é importante, porque vivemos numa época que o mais inocente dos comentários muitas vezes é taxado politicamente incorreto. O que para muitos é crime passível de paredão, como o de Cuba.

Cretinices na hora do almoço

Dois amigos sentados à mesa de um restaurante a quilo. Um chama atenção do outro.

- Viu aquela morenona ali?
- Sim. Interessante.
- Pela roupa, deve ser antropóloga ou socióloga.
- ?
- Saia com estampa colorida, brincos e pulseiras de capim doirado, só pode ser antropóloga ou socióloga... Sou tarado por todas elas...

- (Rs. Rs). Provavelmente sonhou ser namorada do Che Guevara.

- Provavelmente até foi, mas isso é um segredo que ficou só entre ela e os próprios dedos.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Um dia de cão



O título aí de cima foi descaradamente roubado do filme, mas não encontrei nada melhor para traduzir o dia de hoje. Foi um saco! Eu estou um saco, chato, intolerante... Sinto-me encurralado, só que sem reféns... PQP!

A merda já começou de manhã cedo. Ao acordar. Também quem manda querer pregar pano novo em tecido velho e roto! Bem feito! Toma-lhe, mané! Que noite ruim! Que sono ruim! Que cama ruim! Que despertar ruim! Preciso mudar os cep urgentemente...

Pra completar, fui resolver umas pendengas na Procuradoria da Receita Federal. Uma fila quilométrica de devedores, eu era mais um... Perguntei ao guarda se não havia nenhum telefone de contato, uma vez que só queria informação, ele caiu na gargalhada! A falta de respeito é duca! Eu perguntei qual era a graça... Aliás, a graça é que o cidadão é sempre tratado como palhaço.

O cara acha engraçado ver mais um idiota na fila. Só pode ser isso. O pior ainda estava por vir ao saber que os caras querem cobrar multa em cima de multa da dívida que tenho... Ora pois! Isso é ilegal! Não é a toa que muitos juristas defendem a tese que o Estado é o maior violador de direitos do cidadão. É mesmo! Ladrões!

O dia tá tão ruim hoje que ninguém me ligou. Ninguém! Plutão deve estar em conjunção com a casa do caral..... Não é possível! Esse aparelho toca irritantemente, todos os dias. Hoje, somente hoje, que queria que ele tocasse, não tocou. O pior de tudo é que estou tão sortudo que as ligações que eu fiz só foi pra pessoas indisponíveis.

Bem que tentei mudar.. Fiz a barba logo após o almoço. Cortei a unha do pé (tava parecendo garras)... Mas nada adiantou. Além de tudo, me olho no espelho estou me sentindo a última criatura... Acho que tá na hora de corta o cabelo. Cortar, não. Tosar, tosquiar. Encarecar. Máquina zero, já!


Vou abrir o Evangelho ao acaso. Ver o que me diz as Sagradas Escrituras:

Oba! Caiu em João (meu evangelhista preferido), cap. 21, versículo 6

"E ele lhes disse: Lançai a rede para a banda direita do barco e achareis."

Ok. Acho que entendi a mensagem. Devo estar querendo colher peixes do lado errado do barco...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Fatalidade, morte e tempo


Acabo de ler na Folha de São Paulo: “Consultor conseguiu antecipar o vôo e escapou do acidente” .

Trata-se da história de Fabrício Costa, 29 anos, consultor de empresa que deveria estar no vôo JJ 3054 da TAM que partiu ontem de Porto Alegre às 17h para uma viagem sem volta. Fabrício terminou seus compromissos na capital gaúcha mais cedo. Foi para o Aeroporto e por “sorte” conseguiu embarcar no vôo JJ 3052, da mesma companhia. Chegando por volta das 15h em São Paulo sem incidentes. Infelizmente, destino bem diverso tiveram os cerca de 180 passageiros que estavam no vôo que Fabrício “deveria” estar.

Ontem, todos nós fomos expectadores da tragédia. Vimos pelas olhos eletrônicos da TV e da internet as chamas consumindo o avião e imaginamos dolorosamente a agonia de 186 pessoas dentro daquele aparelho. Se pensarmos nos familiares e amigos, nas histórias daquelas relações todas, podemos imaginar o mar de lágrimas, tristeza e saudade.

A morte trágica é uma amputação cruel, sem anestesia para aqueles que ficam. Ter um amigo, amor, parente, retirado violentamente do convívio sem que nada possa ser feito é de uma crueldade sem limites. A dor é dilacerante. Difícil de ser consolada ou aceita.

Quem poderia imaginar que depois que o aparelho venceu 35 mil pés (11 mil metros) de altitude, viria ser protagonista de tamanha tragédia? Chega a ser covarde. Sim, porque quando a roda do avião toca no solo é o momento em que há um suspiro de alívio, uf! Todos sentem isso. Vêem-se testas retesadas voltarem ao estado de relaxamento. Uns conseguem até sorrir. E aí, sem mais nem menos, o avião derrapa, atravessa uma avenida e vai estourar num galpão de combustível!

Contando, parece enredo daqueles filmes de terror B. Quando parece que está tudo bem depois de momentos de extrema tensão, a morte vem da forma mais cruel possível e elimina os personagens.

Voltando, entretanto, a Fabrício. Pergunto-me o que o fez conseguir embarcar num outro vôo e não fazer parte dessa tragédia? Eu mesmo perdi um amigo do vôo 1907 da Gol. A história dele foi inversa de Fabrício. Ricardo, antecipou o vôo e encontrou a fatalidade. Fabrício ao contrário, ao antecipar o seu vôo “fugiu” da fatalidade.

Penso agora na dor das famílias. Imagino o sentimento que invade a cabeça dessas pessoas em luto tão dolorido. Por que comigo? É a pergunta mais comum diante das fatalidades. Por quê? Difícil encontrar a resposta. Difícil falar para uma mãe e um pai que Fabrício foi “premiado”, mas o seu filho não. Mas é, de fato, um prêmio?

A nossa sociedade e cultura não transa muito bem a morte. Inconscientemente, temos a sensação “da eternidade efêmera da infância” (para usar uma expressão de um dos poemas do amigo Marcos Mazzaro). Crescemos e racionalmente sabemos que vamos morrer um dia, mas lá no recôndito do nosso ser, a sensação da eternidade (de que nunca vamos morrer) resiste. Nesse quesito, acho que as crianças são mais sábias do que nós adultos. Eu não tenho dúvidas de que a morte é uma ilusão... mas aceitá-la... confrontar-me com a idéia da efemeridade do meu status quo atual, já é outra história.

A morte sempre traz uma desculpa, dizem alguns. Mas se a morte é a única certeza que podemos ter em vida, ela não precisa de desculpas. Ela é soberana. Ela virá um dia. Dizem que alguns monges tibetanos se cumprimetam diariamente falando uns para os outros “você vai morrer”. “Credo! Coisa macabra”, pensei na primeira vez que ouvi a história, mas depois me convenci que talvez essa seja uma forma de nos lembrar da efemeridade das nossas experiências. Lembrar que desde hoje estamos a construir a nossa morte amanhã. Então, supõem-se que tudo passa. Tudo vai passar. Embora seja difícil convencer o coração dilacerado de quem fica na margem do rio, vendo o barqueiro levar o ente querido...


E, invariavelmente, quando vemos o barco partir, sempre nos perguntamos espantados entre a dor e a saudade: “Qual o significado disso tudo?!” E porque tinha que ser agora? O confronto com a morte acaba por nos leva a refletir sobre o tempo e o que fazemos com as nossas vidas, como se elas se desenrolasse num filme, onde há um roteiro e aí vem uma outra inevitável pergunta: "Quando será a minha vez"?

Os gregos acreditavam nas Moiras (para os romanos, Parcas) , três irmãs que desenrolavam e cortavam o novelo de linha da vida. As três deusas também eram chamadas de Fates, daí o termo fatalidade. Qual a lógica que as Moiras seguem para dizer em qual parte da linha a vida será cortada? Há lógica ou é apenas uma ato discricionário? Segundo a mitologia, nem Zeus o deus supremo do Olimpo, podia contestar as suas decisões.

Já na mitologia do Candomblé, idéia do tempo é diversa. Todos têm o poder de produzir o seu próprio tempo. Não existe um futuro a ser alcançado, como nós ocidentais imaginamos. Porque “o tempo é uma composição dos eventos que já aconteceram ou que estão para acontecer imediatamente (...) não fazendo nenhum sentido a idéia do futuro como acontecimento remoto desligado de nossa realidade imediata”, segundo John Mbiti, no blog Nonomito. Até onde entendi, não há essa sucessão de coisas. Não há uma linha de chegada. Aliás, essa linha de chegada até existe, mas ela está sendo construída e modificada a cada momento do agora.

Na cultura ocidental, é comum a idéia de que tempo é uma linha que o destino usa para construir a sua trama, seguindo um plano uma lógica. Para alguns iluminados, essa lógica é acessível, sendo possível a eles prever as próximas cenas ou “pontos-cruz” desse bordado infinito. Sendo assim não existe o futuro da forma fatal que o imaginamos.

Fabrício, por sua vez, diz que vai mudar. "Eu olho para o bilhete lá... eu poderia estar no vôo. Muita coisa vai mudar. A única coisa que posso dizer neste momento é que graças a Deus estou vivo!". Talvez, ele diga isso, chegando a conclusão de que a vida que levava poderia tê-lo colocado como um dos personagens da tragédia; ou quem sabe, movido também pelo esforço que costumamos fazer em dar significados aos ocorridos em nossas vidas.

Talvez seja o momento dele ter forças para conseguir abraçar um antigo desafeto. Pedir desculpas alguém. Desengavetar algum projeto.. Enfim, qualquer coisa que o deixe quite consigo mesmo. Os seus familiares e amigos idem.

E por não ter nada mais a dizer, termino esse post lembrando Vinícius de Morais: “O meu tempo é o agora!”.
PS. A colega blogueira Rachel, me informou de uma campanha que o Zeca Camargo está fazendo no blog que ele tem. O nome é "eu vou morrer", aí as pessoas enviam suas fotos. Passem lá. É interessante.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Um abraço


Veio do amigo e poeta Eros, um e-mail super interessante. Trata-se de um cara chamado Juan Mann que ficava parado numa das ruas de Sydney, Austrália, empunhando um cartaz onde lia-se: "free hugs " (abraços de graça). Ele oferecia para as pessoas abraços.

O movimento cresceu tanto que o Conselho da Cidade, segundo o e-mail que recebi, proibiu a campanha. Juan Mann não se deu por vencido e iniciou um campanha para liberar o "free hugs". Conseguiu arrecadar 10 mil assinaturas e iniciar um movimento mundial.

Existe um vídeo dessa campanha mixado com a música All the same, da banda Sick Puppies. O líder do grupo Shimon Moore, tornou-se amigo de Mann depois de ter recebido um abraço dele.

Bem vc pode estar se perguntando "e daí?". Mesma pergunta que fiz, lendo o e-mail. A notícia é velha e o movimento já até chegou ao Rio de Janeiro... mas quando vi o vídeo, achei tão emocionante. Toca-nos. Primeiro, porque parece louco que uma pessoa inicie uma campanha do abraço, mas é mais louco ainda a administração da cidade proibir o movimento. Depois, toca-nos porque vemos no vídeo o quanto as pessoas se transfiguram ao se permitirem abraçar estranhos. Parecem crianças.

Sim, porque abraçar o amorzinho, o papaizinho, a mamaezinha, filhos e toda sorte de gente que conhecemos e temos alguma afinidade, ainda que mínima, é muito fácil. Tão fácil que tornou-se até banal. Agora, abraçar estranhos na rua, exige um total desprendimento, amor e muita coragem, e cá entre nós uma certa infatilidade.

Abraçar é trazer pra junto. É unir coração, respiração, calor, cheiros. É troca. Mas a palavra "troca", assusta, porque nunca sabemos o que nos será levado e o que será recebido do outro... Sem querer ser óbvio, mas já sendo um pouco, não preciso dizer que em época de individualismo extremo, o abraço é algo desencorajado e vem sendo substituído pelo formal aperto mão, que até poderia ser uma versão pocket do abraço, mas cada vez mais conheço pessoas que mal tocam as mãos no cumprimento.

Entretanto abraço reciste ao tempo, aos preconceitos e medos. É algo tão envolvente e importante que para muitos constitui-se em ato religioso. No Rio de Janeiro, há pelo menos uns 15 anos, soube de um cara que oferecia a "terapia do abraço". As pessoas iam nas reuniões e todos se abraçavam. Tinha um quê de religioso, porque havia um trabalho de auto-conhecimento. Lembro ainda de um centro de Umbanda que fui há muitos e muitos anos. Lá, na roda de Pretos-velho, havia uma canção que nunca saiu da minha cabeça:

Um abraço dado
de bom coração
é o mesmo que um benção
Uma benção ou oração.
É bom sentir o calor de um abraço apertado. Pode realmente ter a força de uma oração, mas há tantos abraços. Eu particularmente, gosto muito dos que são dados na chegada. Eles encerram um ciclo de expectativas. Os de despedida, levam um pouco da gente quando acabam.... Os de chegada, não. Somam. Fudem. De qualquer forma, de chegada ou de despedida sempre é bom receber um...

Bem, se você como eu esteve em marte nos últimos tempos e não soube e nem viu o vídeo da campanha "free hugs" o link é esse aí de baixo.
http://www.youtube.com/watch?v=vr3x_RRJdd4&eurl=http%3A%2F%2Fwww%2Efreehugscampaign%2Eorg%2F

Passe lá. Veja. O único risco que você corre é ter vontade de abraçar alguém, uma ação que acredito pode te tornar mais feliz. Eu não tenho dúvidas, você tem? Então tente!

Aproveito para lhe enviar uma silenciosa oração na forma do mais caloroso abraço. Espero que aceite e passe a frente.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Alguns Poemas 2

"Não quero que me pergunte
como vão as coisas.
Nada vai.
Tudo está”.


Jacinto Fabio Corrêa

Easing going



Tenho andado excessivamente romântico, beirando ao brega.. Um amigo meu ao ler os meus posts, observou “vc deve estar muito apaixonado”... rs.rs. Sou um eterno apaixonado mesmo. Um romântico carente incorrigível. Fazer o quê? Eu já contei que já me apaixonei por pessoas dentro de um ônibus, num percurso de 30 minutos. Pois é!

Eu sou assim. Às vezes, basta me olhar diferente que já gamo. Se sorrir, me atiro aos pés. Se rolar beijo, no dia seguinte mando flores e bombons. Adoro convidar para o café. Encher de beijinhos entre um gole e outro... hummmmmm Beijo com café e chocolate torna-se perfeito.

Sou também o tipo que vive redescobrindo paixões esquecidas... Aquela história que “sessão nostalgia comigo não rola”, comigo rola. Vivo me re-apaixonando por músicas, poemas, amigos, “amores”... Comida e bebida. Não sei não, mas acredito que o “vale a pena ver de novo”, pode ser tão ou mais surpreendente do que possamos supor...

A maré, contudo, não tem andado boa para os românticos, não. Fico impressionado com a minha capacidade de me apaixonar, me envolver e me apegar às pessoas, mas fico aterrorizado com a capacidade das pessoas em descartarem os outros... É meio que “a fila tem que andar”. E não falo só de relacionamentos íntimos. Tenho percebido isso nas relações de amizade também. E o engraçado é que cada vez mais ouço as pessoas queixarem-se da solidão, carência...

Nada a haver, talvez pense você. A vida é assim mesmo. A fila não para... etc. etc. É pode até ser. Segundo um amigo meu eu sou “easing going”, em bom português ele quer dizer que sou fácil! Ele não deixa de ter razão. Toda vez que me refiro a alguém o sentimento vem a frente, tipo: “sabe fulano(a), cara, como gosto dele(a)!” Esse meu amigo imediatamente retruca: “de quem que você não gosta?”. Faz sentido...

O difícil é saber quem gosta de mim o tanto que eu acho que gosto das pessoas. Essa dificuldade costuma atrapalhar e muito... Uns chamam de carência... Eu chamo de solidão.

domingo, 15 de julho de 2007

Tanto Faz

Outro dia ouvi uma história. Na verdade, eu roubei a história. Eram dois caras conversando e pela minha proximidade física, acabei por ouvir. No começo sem querer, depois por pura curiosidade.

Um falava pro outro sobre uma pessoa (acho que era uma mulher. Digo acho porque nos tempos atuais tudo é possível) que, apesar do visível derretimento dele, ficava na turma do tanto faz. Imaginei o pobre romântico sofredor entabulando o seguinte diálogo com a insensível criatura...

Ele – Alô? Puxa, que bom que você atendeu ao telefone. Fiquei feliz em ouvir novamente a sua voz. Aliviou os hematomas (rs)

Ela – Que hematomas? Você se acidentou?

Ele – Sim. Depois que você parou de me ligar e deixou de atender as minhas ligações, cai de saudade e estou cheio de hematomas.

Ela - ?????

Ele – Bem (voz trêmula de felicidade e meio sem graça), viajo amanhã. Não me demoro. Quando voltar, se você estiver disponível, poderíamos ir tomar chopp. O que acha?

Ela – Pode ser. Tanto faz.

Ele – Pode ser?! Ok. Foi uma péssima idéia! Ta bom, podemos tomar um vinho espanhol..... uhm... Ou você prefere o chopp?

Ela – Tanto faz.

Ele – Como assim? Ok. Já sei. Ainda péssima idéia! hummm Ta bom! Peguei pesado. Vinho é muito íntimo e cheio de intenções... E se tomarmos aquela cerveja alemã que você adorou?!

Ela – Afff... Tanto faz!

Ele – Aff???!!! Péssima idéia, de novo!!?? Eu não ando muito inspirado mesmo... Já sei! Ficamos no café com água mineral gasosa.. Convido-te a ir aquele café que queria ter te levado. Lá, estará a salva da minha saudade. Por favor, não me diga que é péssima idéia de novo! (Rs. Rs.)

Ela – Eu teria aceitado o primeiro convite. Afinal, pra mim, tanto faz! Liga pra mim quando voltar aí fazemos alguma coisa.

Ele – Ok. (Disfarçando a total perda do rebolado).. Ligo, sim....

Não sei o final da história aí de cima. Provavelmente, o moço nunca mais ligou. Se assim fez, fez bem. Não sou do time que acredita que a insistência, nesses casos, possa render alguma coisa. Quero dizer, até rende. Frustração e mais frustração...

Acho que nada é pior do que o tal do “tanto faz”. Talvez o fora seja mais honesto e denote mais consideração do que um simplesmente “tanto faz”!

Talvez por isso, Jesus (perdoe se você não é cristão) tenha dito: "Seja o seu dizer sim, sim. Não, não...

Acredito que adeptos do tanto faz sejam um tipo de planta. Não vão lugar algum por si só. São imóveis.

Sobremesa e vinho salvam do caos



As sobremesas têm me salvado do caos.

Esse verso é de Jacinto Fabio Corrêa, um dos meus poetas preferidos. Adoro. Redescobri os seus poemas recentemente. Ele me deu a honra de visitar o meu “brog” e deixou um comentário. Aliás, uma poetisa criou um blog só com poesias do Jajá (para os íntimos). Quem quiser conhecer mais é só ir lá. Vale a visita!

O verso aí de cima é tão real que chega a ser brilhante. Talvez por isso as pessoas tenham tanta dificuldades em manter-se em dietas! Quantos encontram o merecido consolo numa travessa inteira de pudim de leite? Quantos bebem licor no bico da própria garrafa ou se empanturram com barras e barras de chocolate para fugirem do próprio caos íntimo ou da solidão?


Ouvi do próprio Jacinto: "quem precisa de sexo, quando se tem chocolate a disposição?" Bem, eu não concordo totalmente.... prefiro o vinho (melhor amigo dos românticos) mas, por segurança, sempre guardo uma barra de chocolate na gaveta do criado mudo, bem do lado da cama. É só esticar o braço e pegar.


Nada melhor, depois de ter levado algum bolo, comer aos pouquinhos uma barra de chocolate recheado de castanhas. Nada de morder. Deixa a massa marrom escuro derreter lentamente na boca até ficarem só as castanhas crocantes. Para assim, em movimentos mandibulares suaves triturá-las. A luta inglória do sal com chocolate provoca um sabor na boca inigualável. É impressionante como tudo se rende ao chocolate. Do sal a tristeza, passando pelos desejos e ânsias não atendidas. Tudo se rende. Tudo se funde e é engolido e transformado em outra coisa dentro, que inevitavelmente vai sair. Um alívio.


Lanço mão do chocolate, porque onde moro as garrafas de vinho e licor ficam fora do alcance. Levantar a noite para pegar uma e abrir faz muito ruído. Pode perturbar o sono de quem não tem nada a ver com as minhas solidões. Então deixo as bebidas para os fins de tarde, solitários, de domingo.


Embora, vinho seja uma bebida ideal para beber a dois (põe ideal nisso), nada me alegra mais depois de ter passado por uma situação de "tanto faz" abrir uma garrafa de espumante Aldolfo Lona. É nacional. É um dos melhores. Alguém já disse, e eu concordo, a vida fica muito melhor depois de uma taça de espumante ou champanhe. As bolinhas estouram na boca e deixam alegrias persistentes. Não há tristeza que resista! Pode acreditar!

sábado, 14 de julho de 2007

Alguns poemas


Alguns poemas tornaram-se pra mim especiais e cheios de significados. Esses dois aí abaixo são exemplos disso. Ambos são da poetisa americana Emily Dickinson, cuja vida por si só daria uma epopéia, tamanha densidade dos seus escritos, embora tenha nascido e vivido na mesma casa.

Caiu tão frágil - aos meus Olhos -
No chão o ouvi bater -
E espalhar cacos sobre as Pedras
Do fundo do meu ser -

Culpei por isso o Acaso - menos
Que a mim mesma acusei
Pois Louça Velha em meu Armário
Junto à Prata guardei –


Sem comentários....

Sempre leio os versos aí debaixo quando estou me sentindo meio bostão.

Estar viva – é Poder –
A Existência – em si própria –
Já é suficiente Onipotência –
Sem outro requisito –


"Alguns Poemas" também é o nome da coletânea que tomei emprestado de um amigo que me apresentou Mrs. Dickinson há uns bons cinco anos. O livro traz os poemas em Inglês e a tradução em Português, feita por José Lira. A editora é Iluminuras.

Um rosto


Era um rosto. Um rosto numa multidão em festa.
Era um rosto a trazer de volta um outro rosto já esquecido que esqueceu da lembrança que um dia me viu.

Era um rosto que guardava detalhes de um outro rosto. Nariz, boca, testa e sorriso. Tamanha semelhança não tinha nada a ver com camisetas ou regras de Português.
Era um rosto que lembrava outro rosto que esqueceu de lembrar. Só podia ser pra me incomodar. Só poderia ser mesmo obra do inexistente acaso encontrar sem procurar.
Era um rosto apenas um rosto que meus olhos por algum momento cruzaram.
Era apenas um rosto desconhecido que não me viu. Melhor assim. A dor não existe quando o desencontro vem antes do encontro.

Pula Fogueira




“Pula fogueira iaiá! Pula fogueira ioiô! Cuidado pra não se queimar! Olha que a fogueira já queimou o meu amor!”

A academia que frenquento resolveu fazer, embora um pouco atrasada, uma festa caipira. Foi ontem e acho que fui a última que vou em 2007. O que é uma pena.

Estava com medo, porque festa Caipira em Academia de Ginástica tem tudo pra não dar certo. Vamo que algum doido ao invés de forró, pense num aulão de cicling indoor? Ou uma invente uma quadrilha interativa nos aparelhos de musculação? Eta, sô! Que me(r)da!, como diria uma amiga paulista. A minha preocupação maior, contudo, era com a comida e bebida... Já pensou, substituir o quentão por uma bomba de guaraná light? Ou Whey Protein batido com leite de soja no lugar de uma boa batida de coco?


Para alegria geral, a festa deu certo! Tinha bandeirinha, pano de chita, grupo de forró (muito bom por sinal). Tinha até quadrilha e eu dancei muito! O que não fazia desde os meus 12.. E de lá prá cá passou foi água por debaixo da ponte... Tudo bem que faltou fogueira, batidas, paçoca, balão e fogos, mas valeu cada gosta de suor!

Uma curiosidade, a festa era caipira, mas de 100 pessoas, eu era uma das 10 vestido a caráter.. eheheh A pagação de mico só não foi maior porque estava acompanhado do meu cumpadre "Zé do Piriquité", o da foto aí de cima...

Gostei muito de ser por algumas horas o matuto "Zé Chico Barbixa". Com ele, descobri que sou um caipirão que nasceu por engano no Rio de Janeiro....

Amizades em Brasília


Em Brasília, fora a afinidade, boa educação e bons modos, exigem-se outras senhas para se ter acesso a um grupo de amigos, colegas ou seja lá o que for. E aqui você precisa de um grupo. E como é difícil entrar num. Confesso que em 11 anos de cidade, às vezes, erro a password e trava o sistema... e me vejo só, ainda que cercado de gente.

Sou forasteiro, carioca. Essas duas características já me condenam por aqui... Mas como sou um carioca atípico, sou condenado pela metade. Explico. Em algumas situações, eu até consigo furar alguns cercos. Deve ser quando acerto as malditas senhas. Depois sou esquecido como se nunca tivesse existido. E olha que gosto e não tenho problema de sair sozinho. Contudo, tenho tentado mudar. Aceito convite até pra ir em batizado de boneca, como diria um amigo baiano, mas a recíproca comigo não é verdadeira.

No Rio, dois dedos de prosa já é a senha para um chopp ou ida ao boteco para ver um jogo (e olha que detesto futebol!). Aqui não. Aqui você vê e conversa com a pessoa todo dia (trabalho, academia etc.), mas ao convidar para fazer algo fora daquele ambiente, as desculpas soltam imediatas, prontas! É como se já houvesse a expectativa do convite, portanto a negativa precisava e estava pronta. Não me lembro de ter feito nenhum convite e o mesmo ter sido aceito de primeira.

Talvez por isso, todos os meus Amigos e Amigas “coincidentemente” sejam de fora e não foram criados por aqui. Aliás, conheço tão poucas pessoas nativas de Brasília, que talvez possa soar injusto a quem lê as minhas observações.

Deduzo que por aqui os canais não podem ser misturados. Aliás, é exatamente isso. Quando alguém faz aniversário comemora da seguinte maneira: festa com o pessoal do trabalho, uma outra para comemorar com o pessoal da academia, uma outra pra comemorar com os amigos da infância, uma outra para comemorar com os parentes, outra para comemorar com os colegas do trabalho da esposa... Exageros meus a parte, é mais ou menos assim mesmo que as coisas funcionam por aqui.

Tudo bem! O problema deve ser meu. Afinal “cariocas são tão arrogantes-simpáticos e superficiais, fazem festa por qualquer coisa e misturam tudo e todos... No fundo são uns chatos!” É o que já ouvi por aqui. Não vou rebater ou debater o mérito dos adjetivos, mas uma coisa é certa. Nas festas no Rio de Janeiro, nunca me senti um peixe fora d’água, mesmo junto a pessoas que conhecia a menos de uma hora.

No Rio, as pessoas vão logo dizendo a que vieram. Agradando ou não (muitos mais desagradam do que agradam). Aqui as palavras são medidas. Todos são tão educados, cordiais, que chego ficar vermelho quando solto um “porra” entre um grupo de marmanjos.

Até conheço pessoas a quem poderia chamar de amigas, entretanto não tenho a menor idéia sobre o que pensam da vida, do amor, do sexo (nem sei se fazem sexo!). São “amigos” que nunca falam de si. Amigos totalmente desconhecidos! Amigos que te perguntam como você vai e mudam de assunto imediatamente para não ouvirem a sua resposta. Talvez por isso todos aqui sempre estejam “bem”! Amigos que toda vez que encontro, tenho a sensação de estar puxando assunto com um desconhecido numa fila de banco. “Que calor! – É ta seco!; e o jogo? - Que jogo!?”.
Putz! É difícil pra cacete. Tudo bem! Sei que estou acostumado com a avacalhação carioca. O cara senta ao teu lado no trem ou no ônibus, movimento seguinte já te conta que o patrão é um filho-da-puta e o último salário foi todo pra pagar a mensalidade atrasada da geladeira e pro material escolar do caçula que este ano começou a estudar!

Aqui não tem isso. Até nos círculos de pessoas mais simples, onde encontra-se mais facilmente espontaneidade nas relações, todos estão preocupados com o que os outros vão pensar. O que precisa ser dito (quando dito!) é sempre em meia voz. Ninguém pode saber! Não é a toa que as pessoas costumam mentir. Mentem sobre os relacionamentos. Mentem sobre o emprego, onde moram, com quem moram o que comem, o que pensam e o que fazem.

Ok. Você tem razão isso acontece em outros lugares. E parece que estou carregando demais nas tintas do quadro que pinto. Afinal quem foi que disse que a lógica das relações cariocas têm que ser a mesma lógica daqui? Entretanto é tão bom encontrar acolhimento... É tão bom se sentir acolhido num círculo de gente que você conhece e convive.

Devo ter me tornado um chato intolerante nesses últimos anos em que vivo por aqui. E, com certeza, me tornei fechadão, quase hermético... Mas com o avançar da idade – e ela avança inexoravelmente! - tenho sentido falta de gente real na minha vida. Gente que fale das suas próprias flatulências. Gente que não tenha vergonha de dizer quem é e nem me faça sentir vergonha pelo que sou. Gente, pra quem eu possa ser gente e não apenas um número a mais na agenda do celular, do messenger ou do orkut.

Vou seguir o exemplo da Clarice e publicar o mesmo anúncio.

Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar.

P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilarecerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.
(“Precisa-se” – Clarice Lispector)

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Meu amigo está errado!

Caminhava eu e um amigo, então recém conhecido, pelas areias santistas...
Falávamos da vida e ele contava-me suas histórias amorosas, interessantes, inusitadas, assombrosas.

O som da voz do meu amigo e a expressão do seu olhar, escondida atrás dos óculos escuros, falavam de encontros e sensações revolucionários e tão conhecidas e vividas por mim mesmo.A água do mar lavava nossos pés, enquanto os meus pensamentos divagava sobre as minhas próprias histórias.

O amigo contou-me que uma das suas aventuras amorosas disse que estava apaixonada no segundo telefonema que trocaram (ou teria sido o terceiro?), e completou: “Ri na hora ao ouvir tamanho absurdo!. As pessoas são loucas, Alexandre. Como ela podia estar apaixonada por uma pessoa que nem conhecia? Perguntou-me dando nova expressividade a voz.

Na hora, concordei. Entretanto, 100 passos adiantes, nossos pés ainda marcavam as areias santistas, comecei a questionar a mim mesmo sobre o que havia ouvido... e conclui: o meu amigo está ERRADO! Assim mesmo, em letras graúdas para que não restem dúvidas.

Claro que não é loucura apaixonar-se por alguém sem conhecer tão amiúde. Eu já me apaixonei por pessoas no ônibus! Já sofri dor de “amor profundo” num percurso de 30 minutos...rs. rs (um dia conto sobre minhas paixões nos coletivos da vida). Tenho certeza que não há nada de incomum nisso.

É possível sim apaixonar-se e dar coração, dentes, ossos e o próprio sangue por uma voz, um olhar, um toque, uma história recém começada ou nem iniciada! Isto é tão humano... tão tudo que já se escreveu. Ainda que o toque, o olhar, a voz e aquela imagem sejam meras construções de significados tracejados de várias e várias experiências vividas... E daí?! Afinal, o que é o mundo que nos cerca senão a nossa própria projeção que dele fazemos?

A paixão é conhecida e sentida no primeiro e segundo telefonema... principalmente no dia seguinte... Claro! Quem precisa conhecer pra se apaixonar? Pelo contrário, quando conhecemos perdemos a paixão para o amor. Ok. Nem sempre isso ocorre. Quase sempre perdemos a paixão e simplesmente não fica nada no lugar... mas e daí?

Sofremos, choramos e isso tudo dura, muitas vezez, apenas um "percurso de 30 minutos"; ou até surgir uma nova vertigem nos arrastando pelo chão.... "mas sempre tem a cama pronta e rango no fogão", como bem já cantou Lulu Santos.

Meu amigo está errado!

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Beijos são os melhores confidentes

Quantos segredos escondem-se num beijo? Eu sinceramente não sei, porque não penso muito em segredos, embora adore descobrir um. O que sei é que beijos não guardam segredos, por isso são os melhores confidentes.

Antes que me questione, tenho certa legitimidade para falar de beijos. Já beijei e desbeijei muito. O meu primeiro beijo e desbeijo foi aos sete, de idade... era só lábio com lábio. Hoje, lembro assombrado do tamanho da emoção de algo tão ingênuo e puro, porque aos sete não imaginava que a língua não é só pra falar ou fazer careta.

O primeiro beijo de verdade (língua com língua) aconteceu entre 9 e 10 anos. Fui iniciado por uma prima, apenas um ano mais velha. Ali senti uma emoção diferente. Era comichão no rosto, no peito, entre a barriga e os pés. Virou quase que um vício, contudo difícil de ser sustentado quando se tem menos de 13 de idade.

Hoje, aos 40, descobri que o beijo também envelhece e é ótimo pra revelar o prazo de validade dos relacionamentos. Contudo, tenha certeza que o tempo transcorrido para um e o outro quase nunca coincidem, apesar de terem o mesmo determinante para a sua duração: a capacidade das bocas tocarem as almas de alguma forma.

Descobri também que há tipos diferentes de beijos tanto quanto há de relacionamentos. Há aqueles que começam bem, mas ficam chatos no meio do caminho. Há aqueles que começam ruim, mas vão esquentando, esquentando... Há os imediatos, tipo beijou, gamou! Ou beijo, vomitou! Quem nunca sentiu um beijo frio e gosmento? Posso escutar você dizer: “eca, parece até meleca!”

Há beijos que de tão cheios de carências e necessidades logo se transformam numa experiência inesquecivelmente desagradável, mas também há os generosos e cheios de dádivas e saudades reveladas.

Existem ainda os beijos ruins, os razoáveis e os bons. Quais elementos que determinam? Não sei. A experiência não me revelou. Já beijei sequinho e gostei. Já beijei babado e adorei. Acho que é o grau de empolgação para com a boca beijada e a capacidade das almas se abraçarem com a língua... Acho.

A minha experiência, contudo, não me deixa dúvidas: beijos são reveladores e revelam mais que o olhar. A gente que não sabe decifrar.

Sabe aquela música do Peninha “tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo e me absorvendo”? Desconfio que a versão original era “tudo era apenas um beijo (...) de repente eu me vi assim completamente seu”... Eu costumo usar uma única expressão para definir melhor esse beijo: “fudeu!” ou “To fudido!” e suas demais variantes.


Curiosidades
Não se sabe bem quando surgiu o primeiro beijo da humanidade. Segundo minha pesquisa no Google, existem 176 referências sobre o assunto. Fiquei com preguiça de procurar muito. Encontrei este link em cache que fala não só dos registros históricos, mas também da quantidade de músculos, salivas, vírus e bactérias envolvidos no ato.
http://209.85.165.104/search?q=cache:0sHKHQ90ccsJ:www.odebate.com.br/noticias.asp%3FID%3D10821+%22Primeiro+beijo+da+humanidade%22&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=1 Pode acessar. Não é vírus.

Segundo o link, aí de cima, os registros históricos disponíveis são de 2.500 anos lá na Persa. A pesquisa do Google revelou ainda que o beijo com as línguas entrelaçadas foi inventado pelos franceses, por isso também é conhecido como “beijo francês”. A expressão “beijo de língua” surgiu em 1920. Se bobear muitas das nossas bisavós não provaram a saliva dos nossos bisavôs. E falando nisso, 97% das mulheres fecham os olhos, quando beijam. Apenas 30% dos homens fazem o mesmo.

Quero homenagear os primeiros seres humanos que descobriram este delicioso ato. Mais vale um beijo ruim do que um beijo inexistente. Respeito opiniões contrárias... mas... beijo é beijo!

domingo, 24 de junho de 2007

Brilho aquoso


(*) A regra número um para a insônia
é respirar pausadamente
mantendo o coração ritmado.
A regra número dois
É tentar mesmo esquecer.

Bem que tentou seguir as regras do poema, mas não conseguiu. No dia seguinte, acreditou no engodo do almoço. Sentaram-se frente a frente. Observava-se um discretíssimo brilho aquoso no canto dos seus olhos.

Ali se esqueceu rapidamente da vigília anterior, das injúrias e perjuras. Embora triste a expressão, tentava falar alegremente até que:

“Não vês que são lágrimas e não insônias que trago em meu olhar!” – foi preciso dizer diante de insensível observação ouvida.

Assim, o diálogo e o almoço encerravam-se sem um prólogo, índice, prefácio ou conclusão!

Levantou-se tendo por companhia a saudade e as dúvidas, guias até ali.

Seguiu com a única certeza possível: seus olhos amanheceriam mais uma vez com discretíssimo brilho aquoso.

(*) Jacinto Fabio Corrêa. Pedaços. O Parasempre da Hora - poema 19

Juras da manhã


A noite costuma ser boa conselheira. No seu silêncio escuro, muitas vezes a autenticidade explode magnificamente sem que se possa fazer qualquer coisa pra evitá-la.

Assim, sentindo aflorar sua autenticidade em desejos frustrados, debruçou-se sobre o poema de K. Kaváfis:

Jura

Jura de quando em quando começar uma vida melhor.
Mas quando vem a noite com seus próprios conselhos,
Com seus compromissos e com suas promessas;
Mas quando vem a noite com sua própria força,
Para a mesma alegria fatal de seu corpo,
Que quer e que reclama, perdido, ele retorna.


Seus olhos moviam-se rápido enquanto o cérebro lentamente tentava absorver aqueles versos tão autobiográficos.

Ninguém descreveria com tanta propriedade o momento em que vivia, senão como o fez o poema de Kaváfis. E nem sabia por que obra ou mãos aquelas palavras eram tão suas e lhe descreviam tão perfeitamente.

Fechou o livro. Parou pra refletir. Cansou-se e adormeceu entre dúvidas e desejos. Acordou. A manhã promete uma nova jura, um novo poema.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Sobre camisetas e paralelismo


Imagine você indo com sua camiseta nova (ou velha) para uma determinada ocasião e encontra outra pessoa com camiseta igual a sua na mesma determinada ocasião. É decepcionante! E há sempre um babaca pra dizer: “a dupla vai cantar onde?”.

Agora imagine a mesma situação ocorrendo com a pessoa que há tempos você está na azaração e finalmente consegue convidar pra sair. Não dá para imaginar algo do tipo “isso ta começando bem demais”?

Não é o cúmulo da sintonia, a pessoa que você está a fim sair de casa com a mesma camiseta? Você não começa a pensar que os céus, a vida, Deus (seja lá onde está a sua crença) estão enviando um sinal?

E só pode ser bom sinal, essa coincidência. Ainda mais que na nossa sociedade “vestir a camisa” tem todo um significado de comprometimento, responsabilidade e dedicação. É pra impressionar, não é?

Eu costumo chamar essas situações de paralelismo. É um conceito roubado da Análise Sintática do nosso Português e significa o encadeamento de orações com valores sintáticos iguais.

Por desconhecimento, o paralelismo vem sendo negligenciado nos textos e também nas relações humanas. Por isso muitos são derrubados nos concursos públicos e também na vida social, porque não sabem identificar nem analisar corretamente a situação.

Se, contudo, você não tá nem aí e nem quer depender do paralelismo para saber se o seu romance está tendo um bom começo, leve a pessoa num restaurante japonês (sempre impressiona, principalmente se o garçom souber o seu nome).

Antes que me esqueça, há quem prefira chamar esse paralelismo das camisetas de acaso. Pra mim, não. Trata-se de um forte indicador que aquela pessoa é a oração correta na sua frase, como nas regras sintáticas do nosso Português. Vai brincar com a sorte?

sábado, 9 de junho de 2007

Não quero ser moderno. Quero ser eterno.


Veio de um amigo a inspiração para este post. Tentava convencê-lo a fazer um brog (licença, mas falo “brog” e não blog). Dizia-lhe que a brincadeira era prazerosa e, não deixava de ser um brinde aos amigos.
Narrava como tem sido curiosa a experiência de brogueiro. Falava da excitação que me assaltava para escrever, porque cada acontecimento, frase ouvida ou lida ficavam ecoando na minha cabeça como se fossem candidatos a novo “post”.

Contava ainda, sobre as observações que havia recebido dos amigos. Uma delas, um conselho valioso, “blog desatualizado é a pior coisa”. Outra dizia que “escrevemos porque somos narcisistas”. Uma, destaquei entre risos, acusava o título de ser sem originalidade...

Costumo achar que a opinião dos outros é válida. Quem não se afeta com elogios e, muito mais ainda, com críticas? Segundo um conceito da psicanálise lacaniana (não tenho certeza se é da psicanálise e muito menos lacaniana), quem qualifica o discurso é a audiência.

Prosseguia a conversa quando meu interlocutor, até então sem demonstrar muito interesse na prosa, parou ante a minha resposta a sua pergunta de qual era mesmo o nome do meu brog.

- Alexandre, disse-me - a fonte nunca seca.
- Não entendi, retruquei.
- Ora, o nome do seu blog não é “Aqui nasce a correnteza”?
- Sim, respondi.
- Então. O local onde nasce a correnteza não é a fonte? Entendeu?
- Entendeu... mais ou menos!

Esse meu amigo costuma dizer coisas que costumo demorar a entender. Aliás, outros amigos o apelidaram de “choque de realidade”. Não sei se pelo mesmo motivo.

O amigo prosseguiu: “Não se preocupe com o conceito de originalidade alheio. Essa preocupação é para os bobos”. E citando Carlos Drummond de Andrade. “Não quero ser moderno. Quero ser eterno”, finalizou a conversa.

E eu termino aqui este post. Desejando que o nome do meu brog, dado ao acaso, seja fonte de inspiração que nunca seque e que alimente correntezas caudalosas de bons textos e bons leitores. Talvez consiga assim, de alguma forma, me eternizar em cada um deles.

PS1. Não convenci o meu amigo “Choque de Realidade” a criar um brog.
PS2. A amiga Helena Lima livrou-me da dúvida sobre o conceito "escuta qualifica o discurso". Não tem nada a ver com Lacan e sim com a própria. Isso mesmo. O conceito foi desenvolvido por ela. Ter amiga brilhante é uma dádiva!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Extermínio dos nervos

Eu não vi o primeiro filme "Extermínio", mas posso garantir que a sua continuação "Extermínio 2" (28 weeks later) exaure os nossos nervos logo nos primeiros momentos de projeção. O jovem diretor desse thriller, o espanhol Juan Carlos Fresnadillo, não faz nenhuma concessão. É tensão do começo ao fim.
A história é mais ou menos assim, seis meses depois do final do primeiro filme, um grupo de pessoas está enclausurado numa casa de campo, tentando não ser infectado por pessoas que se transformaram em criaturas demoníacas, após terem sido infectadas por um vírus misterioso. Até que a personagem aí de cima, na janela, tenta salvar um garoto que bate a porta. Ao dar guarita ao menino, abre-se uma brecha e os seres endemoniados (infectados pelo tal do vírus), invadem a casa e.... aí não há mais trégua...

É curioso notar que a personagem (la ná janela) representa a figura materna no filme e é por meio dela que há a invasão do refúgio. Quase uma visão modernizada da Eva do Gênese. Só que num movimento inverso. Essa não é expulsa, mas macula o paraíso trazendo o inferno pra dentro dele.

A figura paterna também não sai ilesa. O filme confronta valores de lealdade, amor e desmistifica a figura do pai, do macho protetor. Não há heróis neste filme. Há atitudes heróicas, mas que logo se apagam ante a necessidade do "salve-se quem puder" diante de uma Londres ameaçadora, citiada, claustrofóbica e sem salvação.

O filme é uma produção inglesa. Traz Robert Carlyle num dos papéis principais, mas não o de mocinho. Aliás essa figura não existe na metáfora de mundo construído por Fresnadillo. O que fere os nossos sentidos viciados na visão do herói individual e redentor construído e incensado pelas produções americanas.
O diretor rouba-nos o suspiro que damos ao final desses filmes, onde geralmente apela-se ao ufanismo e ou as metáforas edificantes do bem vencendo o mal para voltarmos tranquilos as nossas casas. Não há isso. A tensão não termina, prossegue porque só terminaria com o exetermíno da humanidade. Uma visão superlativamente pessimista e apocalíptica do mundo atual, sem a esperança de um final feliz e redentor.
Quem assistiu a "Bruxa de Blair" talvez concorde comigo. Os roteiristas e o diretor citam, nas cenas mais tensas, aquele filme. A lente da câmara transforma o expectador em agente da ação, hora como um dos seres infectados, hora como vítima. O que só aumenta o suspense, a adrenalina, o batimento do coração e a angústia. Não é um bom filme pra se ver no final da noite. Mas não deve deixar de ser visto. Eu sofri, mas gostei.