sábado, 13 de setembro de 2008

A ARTE DE AMAR

Se queres sentir a felicidade de amar,
Esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma. Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixe o teu corpo entender-se com outro corpo, porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Manuel Bandeira

A Boca, não o beijo.

Os dois corpos se reconheceram mesmo sem nunca terem se tocado. A atração preencheu o ar e o desejo não satisfeito derramou-se em olhares e em novos desejos...

Restou às mãos fazer o curto caminho do desconhecido, cujo percurso, tão mal interpretado foi a desculpa necessária e conveniente para interromper a jornada.

“Acho melhor não prosseguirmos”, disse a voz. No corpo, talvez houvesse marcas de outros corpos... talvez... Eu não as vi. Seria esse o motivo? Não consegui descobrir. Às perguntas, vinha um carrossel em respostas. As voltas me deixam tonto...

Os dois corpos se reconheceram e quase se tocaram numa viagem que poderia ter sido longa e prazerosa. Acabou não sendo nem uma nem outra. Foi apenas promessa e esperanças de mais e mais desejos.

Sim, havia o desejo, mas não a atração. Havia o sonho, mas não a paixão. Havia a boca, mas não o beijo... Havia também o medo da rejeição, mesmo diante das explicações... De certo que haveria a rejeição. Talvez aquela mesma de um órgão transplantado...

E assim nas construções dos verbos auxiliares sem ação, deu-se o despertar. Os corpos se levantaram e caminharam cada qual pro seu abismo. Cada qual pro seu firmamento. Do que seria percurso entre dedos, pelos e salivas, restou apenas um leve aceno: “Até a próxima!”

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Desconexos

As sextas são os melhores dias da semana... mas o humano em mim se cansa profundamente dessa impaciente expectativa...

Neste momento pegaria um ônibus e em 10 horas de estrada encontraria, provavelmente, nada do que pressinto... apenas do que sinto.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Ligação

Disse que ligaria. Não ligou. Disse que viria. Não veio. Disse que viveria e viveu! Viveu e contou seus sonhos e devaneios a ouvidos pouco atentos, mas as bocas escutaram sua voz famita.
Quantas quartas serão necessárias para alimentar a pequena eterna espera daquilo que está por vir e não vem?


Em quantas esquinas é possível conjugar o verbo saudade?

Saudade

A saudade é inconveniente... Bate a qualquer hora do dia ou da noite. Escurraça o coração e alma com auto-censuras e desejos quase sempre incontroláveis. Não conheço saudade risonha. Essa minha fiel e cruel companheira espreita-me dia e noite. Chama-me, as vezes, para lugares e épocas que nunca estive... em sua ciranda de rodopios, não se contenta mais com as ausênicas, agora chama a roda as inexistências...

Sou tão bom companheiro da saudade que ao seu lado meus braços e pernas se alongam e abraçam pessoas, beijos e bocas que ainda não conheci... mas apenas por hora...

Dissimulação

Descobri que a dissimulação é a pior de todas as mentiras, não importa em que lado da cerca você esteja.

Amizades

Tem amizades que jã nascem velhas... Outras nem chegam a nascer. :(