segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Milagroso álcool

Ainda vou entender melhor o poder que o álcool tem de subverter urgências, prioridades e realidades... É como um milagre da transfiguração.

E vem alguns evangélicos dizer que o vinho que Jesus bebia era desprovido de álcool. Com todo o respeito, faça-me o favor!

Ok. O ácool transforma muita situação trivial em urgência médica, funerária, carcerária, legal etc. Concordo, mas isso tudo está em minha mente ao escrever este post.

domingo, 4 de novembro de 2007

Torquato às três da madrugada

Quase tudo que sentimos já foi expresso de alguma forma pelos poetas. Somos tão iguais nas nossas vulnerabilidades. A diferença, se há diferenças, são os matizes e a maneira como conseguimos nos expressar.

Uns transformam seus sentimentos em tragédia. Outros em arte, outros em angústia e há aqueles, contudo, que não expressam. Calam-se na falsa indiferença de si mesmos até implodirem.

Eu sou mais do time que oscila entre a tragédia e a poesia... rs. E dependendo da situação é tragédia grega "sofocliana". É muito "tomate"! Mas, geralmente, eu tento me deter na poesia...

Ontem, por volta das três da madruga, uma solidão absoluta tomou conta de mim. Não era uma sensação ruim. Era só estranha, porque não conseguia defini-la. Não havia motivos, pelo menos claros. Acabara de sair de um encontro com amigos e a noite havia sido excelente.

Entretanto, após deixar uma amiga em casa, senti-me só no mundo. Como se não houvesse absolutamente nada, nem ninguém a não ser eu mesmo. Não resisti. Desliguei o CD e tentei dialogar com aquele silêncio todo...

Para não perder a riqueza daquela emoção, gravei no celular tudo que me vinha a cabeça. Sabe que gostei? É feio se auto elogiar, mas eu gostei da gravação, embora as frases sejam meio sem nexo e redundantes. Vou tentar colocar aqui a gravação e não apenas o texto.

Tomei coragem e mostrei a um amigo a gravação. Falei que aquilo era um projeto de post para o meu "brog". Ele ouviu e com sua cultura oceanica, disse-me que Torquato Neto, o poeta tropicalista, tinha uma canção cujo sentimento era parecido com aquilo que eu expressava.

Não demorou e trouxe das suas gavetas a música "Três da madrugada", interpretação de Gal Costa. Em nenhum momento passou pela minha cabeça, acredite, me comparar ao grande Torquato em sua poesia. Muito menos foi essa a intenção do meu amigo...

São apenas referências... Para meu amigo, essa letra é a referência da música mais triste da MPB. Para mim, tornou-se uma das referências de poesia que sabe me descrever como eu mesmo não consigo...

Clarice, Pessoa, Jacinto, Quintana, Cecília, Renato e Lulu encontram um novo amigo nas cirandas silenciosas e solitárias das madrugadas... Bem vindo Torquato!

Solidão e o silêncio como resposta

Da onde vem esta solidão que até o vento se cala ante essa simples pergunta?
Da onde vem esta solidão que nada, nem ninguém consegue estancar?
De onde surgiu? De onde vem e pra onde me leva esta solidão?

Perguntas e perguntas cuja resposta é o silêncio desta madrugada.
Não encontro nenhum resposta a essas perguntas. Apenas o silêncio de tudo.
Do vento, das flores, das árvores e dos jardins. Até o motor do meu carro silenciou.

Nada e ninguém conseguem me responder. Nada e ninguém conseguem sanar e preencher tamanha solidão....

Já sei o que vou fazer... Nada. Absolutamente nada! Não há nada a fazer. O que não há resposta e nem remédio, respondido e remediado está.

Três da Madrugada

Três da madrugada, quase nada

A cidade abandonada

E essa rua que não tem mais fim

Três da madrugada, quase nada

A cidade abandonada

E essa rua não tem mais nada de mim

Nada, noite, alta madrugada

Nessa cidade que me guarda

Que me mata de saudade

É sempre assim

Triste madrugada, tudo e nada

A mão fria, a mão gelada

Toca bem de leve em mim

Saiba: meu coração não vale nada

Pelas três da madrugada

Toda palavra calada nessa rua da cidade

Que não tem mais fim...

Que não tem mais fim..

(Carlos Pinto/Torquato Neto)