sábado, 27 de outubro de 2007

Não me venha...

Por favor, não me disponibilize nada e nem pense implementar seu plano para alavancar a resposta nacional de empoderamento de grupos vulneráveis...

Por favor, não me venha com rapapés, salamanquees, neologismos, conceitismos, anglicismos que só você e o seu grupo conhecem e articulam.

Share é fatia em português. Target é alvo. Custa articular assim? "Estar entrengando" qualquer coisa só entrega a indigência mental de quem está falando.

A língua é viva, mas não é doida e nem descriteriosa. O "nós vai" ou o "nós fica" é mais lógico do que as babaquices linguísticas reproduzidas pela arrogância intelectual.

Poupemos o mundo de mais confusões. Sejamos simples, claros e diretos ao escrever. Não é subestimar. Não é avacalhar. É somente respeitar a grandeza do nosso idioma.

Vírus no escritório

Trabalho desde os 14 anos. Com a idade atual, dá para ter acumulado uma certa noção de sobrevivência no ambiente profissional. Entretanto, nos últimos anos. Tem crescido, assustadoramente, uma epidemia, melhor, uma endemia virótica.

O vírus começa sozinho... Você vai e elimina. Depois vem mais um, mais um, mais dois, mais cinco, mais 10, mais trinta! É impressionante a capacidade multiplicativa desse praga moderna chamada e-mail.

Veja se você já não está infectado. Os primeiros sintomas são: irritação, estresse, confusão mental. Depois vem o catatonismo: nádegas grudadas a cadeira e os olhos estáticos presos a tela do computador. O último estágio é a total incapacidade produtiva-executiva.

Parece piada, mas vc já contabilizou quantos malditos e-mails você recebe por dia? Eu, como sou meio orelha seca no meu trabalho, recebo entre 50 e 60, podendo chegar a 70 nos dias de pico. E a minha organização é pequena. Em torno de 100 pessoas em todo o Brasil.

É possível trabalhar bem recebendo 60 e-mails por dia? A coisa é tão louca, que quando eu paro para responder a um e-mail, já chegaram mais 4, as vezes 5 até 10, dependendo da complexidade do que estou escrevendo...

Viajar a trabalho? O retorno é um pesadelo. Você nunca mais consegue colocar o seu maldito mailbox em dia. E eu me pergunto se toda essa facilidade de comunicação tem ajudado na organização e no aumento da minha produtividade. A resposta é simples: NÃO!

Falta parcimônia e racionalidade numa ferramenta que poderia nos facilitar a vida e virou motivo de dispersão e sentimentos de baixa auto-estima e queda na produtividade. Tentar esvaziar ou organizar o mailbox é como querer esvaziar o oceano com um copinho....

As pessoas estão esquecendo do contato pessoal. Entregam-se a preguiça de descer ou subir alguns lances de escada, ou virar a esquerda e encontrar pessoalmente o colega na sala ao lado. Esquecem de uma coisa chamada telefone. Como é bom ouvir a voz humana... (Ok. Nem sempre é bom ouvir a voz de alguém... mas é menos irritante do que ler...aposto!)

Pra piorar há ainda os mal educados que teimam em responder as mensagens coletivas copiando todo mundo de novo. Por favor, me poupe dos seus parabéns ao filho do colega que vai casar! Quer compartilhar os seus sentimentos crie um blog!

Também não quero saber do seu relatório de viagem se ele não vai me ajudar em nada no que estou fazendo. Então, envie o seu relatório somente pra sua chefia (a quem você deve satisfação), não há mim. E os parabéns envie para o nosso colega e filho. Eles vão gostar de receber.

Spam não vou nem comentar. Correntes de anjo da guarda e pedidos não dá nem pra perdoar. Não passe a frente essa bobagens. Porque na maioria das vezes, esses pedidos de doação de õrgãos, sangue, medula etc. são mentiras.

Então se você não conhece quem está pedindo não passe a frente. Ou então vá lá e doe algum do seu órgão, mas não me incomode com essas bobagens! Se um dia você ou alguém que você ama precisar, pode contar comigo, mas por favor não me peça isso por e-mail.

Outra coisa. A infeliz frase "para seu conhecimento" quase sempre me arrepia, porque anuncia quase sempre textos longos e pesados, que só vão me estressar porque eu não vou conseguir ter tempo nem disposição para "conhecer" e quando consigo conhecer, não sei o que fazer...

Façamos um trato. Só me envie coisas para o "meu conhecimento" se realmente for me ajudar em alguma tarefa que tenhamos previamente conversado. Fora isso, não julgue que os seus interesses sejam os mesmos meus.

Li uma bobagem outro dia que dizia que devíamos dedicar apenas duas horas do nosso dia para ler e responder e-mails. Eu, sinceramente, não sei se existe alguém que consegue trabalhando numa organização com no mínimo 30 pessoas. Você consegue?

Não mete a mão!

Não mete a mão! Porque quando se mete a mão a coisa acaba crescendo e acaba f... quem meteu a mão.

A frase jocosa é real. Quem já trabalhou ou trabalha com publicação sabe do que estou falando... Quando mais se mexe em rascunhos, mais as folhas procriam e o projeto que previa inicialmente 20 páginas, transforma-se em 60!!

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Expectativias

...

Expectativas II

Expectador, expecador, excatador, expecsflur! Expecto, expectorante, experiências negadas.

Expectativas

Disse que ligaria. Não ligou. Disse que me encontraria. Não encontrou. Até quando a poesia esperará pelo ponto-e-vírgula final?

Poética

A poesia reside no país da minha cama. São nas rugas dos lençóis e fronhas que pessoas, quintanas, jacintos, clarices e cecílias são muito mais artistas, muito mais poetas, muito mais insanamente conjugáveis e declamáveis. Por isso que é pra lá que vou, agora, neste exato instante. Porque sem poesia ninguém vive não.

Sem título

00h51, exatamente três minutos após ter decidido escrever algo para alimentar este tão negligenciado "brog"... Entre um gole e outro de cintilante rubro choroso vinho, alinhavo pensamentos, remoendo alguns sentimentos.

Estou só em casa, cercado de sons que vem da relegada TV. Da rua, vez por outra, sons de pneus atritando o asfalto ajudam-me a dispersar. Quem serão esses seres nortunos escondidos em suas máquinas e pra onde se dirigem a tal hora? Pergunto-me sem muito interesse em saber. Embora não seja difícil imaginar.... Moro muito próximo a um tradiconal ponto de prostituição de rua aqui em Brasília.

Bem, voltemos aos meus pensamentos. Eles agora fluem melhor. Acabo de desligar a TV e fechar a janela, do meu quarto; as janelas do coração estão abertas, mas sem vistas. O vinho já acabou e acabo de devorar um último pedaço de generosa barra de chocolate. Tudo se rende a esta massa escura.. Tudo... e já escrevi sobre isso...

Deixando as divagações, lembro do nosso diálogo outro dia. Falava-me você do cansaço que a vida lhe dá, a falta de esperança e as mesmas babaquices cotidianas que tiram a paciência de qualquer monge. Falava-me ainda que o ser humano é, realmente, o bicho mais escroto que existe. Ao falar, pedia-me para não trazer nenhuma palavra ou frase edificante. Dizia que a sua desesperança era tão inominável que não cabia citações e nem títulos, muito menos resgates.

Não sabia o que dizer. Calei. Achei melhor deixar que os meus ouvidos falassem. Acho que falaram e foram obedientes em não cogitar uma só palavra edificante. Sabe por quê? Porque você tem toda razão! A vida anda uma merda (não a minha, graças a Deus!) no atacado. Entende? No varejo, para algumas pessoas, até que o negócio vai bem... mas para a maioria tá ruim mesmo. Então você tem toda a razão de achar da maneira que acha e ver da maneira que é possível ver.

... ... ... ... ... ... .. . mas não consigo calar uma pergunta. E, por favor, não se irrite, novamente. O que quis dizer, ou melhor, saber quando fiz a pergunta era o seguinte: Você realmente acredita que se fosse diferente você estaria melhor? hum? Será que a cota de desesperança que carrega não é exatamente uma maneira de provocar uma reação contrária? Pergunto, porque uma coisa me parece certa, ao chegar ao fundo do poço não há como afundar mais. Então você para e fica inerte, alheio a merda em que está ou se debate, debate e tenta subir. Acho que você é do tipo que tenta subir. Está tentando subir. Tanto é que está se debatendo entre lamúrias e queixas... ... Quer uma mão? Tenho duas.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Escolhas certas ou erradas, mas escolhas

A vida é feita de escolhas. A afirmação é óbvia, mas o resultado dessas escolhas quase nunca tem nada de óbvio, muito pelo contrário costuma surpreender.

Há quem faça escolhas tão "certas" aos olhos do senso comum, cujos resultados, entretanto, são desastrosos... e o inverso também é verdadeiro. Os casamentos são excelentes exemplos para as duas situações.

Há ainda escolhas que acabam nos levando diretamente, sem escalas, para os braços da fatalidade. Já há outras que nos livram delas... Os aviões não me deixam mentir. Saber é que são elas. Como saber a melhor escolha?

"Ouça o coração! Ele nunca se engana", há quem diga. hum! Balela. Conheço muita gente que vive se dando mal exatamente por ouvir o coração.... Não é isso. Ou pelo menos não é só isso e eu não tenho a menor idéia! Vivemos num imenso nevoeiro.

Acho que quase nunca saberemos. Acho ainda que nem devemos saber. O que devemos ter em mente que o poder de fazer escolhas é em si uma dádiva. Aí vem você e pergunta até que ponto
podemos escolher? De novo, não tenho a menor idéia.

Contudo, hoje é claro pra mim que a pior das escolhas é agir superestimando sua importância. Exemplo? Quando você escolhe sacrificar-se por alguém. Geralmente, esse alguém nem percebe e ainda te sacaneia, mesmo "sem querer".

Renúncia; sacrifícios; provas homéricas de fidelidade, amizade e companherismo; braços e corações abertos as lágrimas alheias, são muito bons para nos deixar em paz conosco, porque os alvos de atos tão nobres costumam ser de uma indiferença e insensibilidade de morte...

A vantagem (sempre existe alguma) é acordar para a realidade e perceber que a nossa real importância é proporcional ao nível da necessidade das pessoas com as quais nos relacionamos. Se você tem "amigos" sabe o que estou dizendo.

Escolher fazer qualquer coisa pelos outros, esperando suprir a nossa própria carência de afeto e carinho, além de ser um equívoco gigante, é decepcionante, porque dificilmente você os terá. E nem agradecimento e muito menos reconhecimento.

Por isso é inteligente escolher fazer qualquer coisa em prol dos outros simplesmente pelo ato em si. Pode parecer egoísmo, talvez até seja, mas seguramente evita muita desilusão e cara de tacho, como adorava dizer os meus avós.

E falando em escolhas. Neste momento escolho ir para a minha cama. O texto tomou um rumo inexperado. Estou sem forças para domá-lo. Preciso dormir. Amanhã viajo a trabalho. Espero ter escolhido o vôo certo. Certo ou errado, eu escolhi.