quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O mito do Ano Novo


É a hora da virada que não é virada e nem hora de nada. Apenas convenção, embora santa. Santa, porque sem essa convenção ninguém aguentaria seguir direto sem ter que refletir em algum momento o tempo transcorrido medido em acontecidos e não-acontecidos.


Eu todo ano me prometo fazer o balanço. Paro sempre no começo ou, em alguns anos, na metade.. mas nunca consegui ir a ter o final. Há quem diga que consegue. Há ainda aqueles (só podem ser loucos) que conseguem, inclusive, fazer lista do que vai fazer... aff!


Chego sentir inveja de quem consegue alimentar esses mitos do Ano Novo. Eu não consigo. A minha onda é tentar viver o agora. Neste exato momento. Tudo bem que as contas e as obrigações não nos dão muito espaço para isso... mas prometo tentar.


Aliás, diga-se: venho tentando desde o dia em que nasci. Não é fácil. De jeito algum, mas... mas.. mas... é importante tentar pelo menos. Assim, neste fictítico início, pego meu bloco de anotações, minha caneta bic azul e... jogo na lixeira debaixo do meu computador.


Nada de escritas. Nada de planos, nem projetos. Apenas um: "vou tentar!". Vou tentar viver intensamente o presente sem me preocupar com comparações do passado e muito menos projeções para o futuro. Vou tentar ser eu mesmo, ainda que isso seja mergulhar no caos.


O mais, são apenas, repito, apenas "sombras de árvores alheias" a nos perturbar e a nos impor padrões. E se há espaço, e deve haver, para a religiosidade em mim, quero continuar tentando neste novo ano a fazer todo o bem possível que puder fazer a mim e ao meu próximo.


Isso, a mim, me basta como promessas. Isso basta como religião. O mais não passa de comentários alheios sobre aquilo que de fato nos pertence. A nossa consciência. Feliz 2009 pra você e para mim! Feliz Ano velho Novo!

Promessas possíveis para 2009


Vou tentar!

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O disse-me-disse


Estou eu aqui a pensar em meu próprio umbigo quando sou surpreendido por sua mensagem aflita. Diz você que está de "saco cheio" de ter os sentimentos por capacho de pés alheios.


Sua aflição salta em cada palavra e nas humildes e mal colocadas vírgulas. Narra um pequeno incidente onde me pergunta (pobre de mim alçado de hora para outra a conselheiro sentimental!) se estás ou não com a razão?


Vamos lá então.... hmmmm Razão é uma palavra muito ingrata dentro desse contexto. Entre amantes, quando um começa a querer ter propriedade do termo... acho que está na hora da tal DR (discutir a relação), porque ninguém nunca tem a razão na paixão.


Razão e paixão são antagonicas. Não combinam. Não se toleram nem para caminhar apenas de mãos dadas num parque qualquer da vida de relação dois-a-dois. Paixão é paixão. Razão é razão. Simples assim.


Lendo sua mensagem com carinho consigo perceber claramente que não é razão que você precisa e sim de respeito. Respeito pela sua paixão. Respeito pela sua razão. Respeito de quem e por quem você ama.


Respeito é o que me parece faltar entre vocês. Porque se você se ofende com o que o outro te diz que o incomoda; e o outro, na mesma medida, se incomoda com o que você diz que te incomoda na relação. O que falta é respeito mútuo pelas limitações de cada um. Como é possível estabelecer uma relação verdadeira assim?


Então, já que me pedes uma opinião, te digo. Não é razão que precisa e sim uma outra relação! Boa sorte!

Epitáfio possível

Amou sem nenhuma reserva.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Recado para a Kopenhagen

Esqueça o sorvete! Tem açúcar demais e creme de leite de menos. Detestei. Escrevo jã sabendo que isso é polêmico... mas prefiro os bombons e cafés da Kopenhagen...

Nem sempre diversificar é bom negócio...

domingo, 12 de outubro de 2008

O amor

"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome." (João Cabral de Melo Neto)

Escrevi esse fragmento num post de um desconhecido que falava sobre o amor. A gente fala muito nesse sentimento. Pensa muito nele e o deseja muito ... mas ele chega de mansinho, quieto... Tímido, esconde-se, muitas vezes, atrás da deselegante e ruidosa paixão. Esperto, faz dela aliada e confunde os tolos (que somos quase todos nós).

Quando tento falar do amor caio no óbvio da ignorância... é melhor me calar e deixar que falem os poetas. Os mestres, os maiores nesta ciência...

sábado, 11 de outubro de 2008

E o sábado passou


Passou o sábado e eu não fiz PN! Passou e não deixou nenhuma marca, a não ser as marcas de outros sábados...


Este sábado passou sem música. Só lembranças, saudades e preguiças. Este sábado, seguramente, será um daqueles que se perderão no infinito do tempo.


Este sábado passou e vai levando o meu tempo! Passou e deixa como presente, a infame angustia dos dias passados sem marcas...


Corre ligeiro, sábado, que não te aguento mais. Aproveita e leva o presente de grego que me ofertas. Vá logo que não te quero! Quero os outros sábados que já passaram. Quero mais ainda os sábados futuros, com suas esperanças e expecativas... Quero aquele mesmo sábado do BB!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Noite contida


Enquanto trabalho, o vento rompe a noite, bate a janela e anuncia melancolicamente uma chuva que não chega cair. A noite esta contida. Não quer chorar pela saudade. Prefere, ansiosa, esperar pelo caloroso abraço do sol que não tardará...


Ainda assim, a noite não resiste... Bem baixinho ouve-se seus soluços que lamentam suavemente a ausência provisória do que foi e de tudo que ainda será.


Por isso a noite aguarda, quase indiferente ao vento e as estrelas, um novo dia para que nele possa se desvanecer...




Materialização


No princípio era só imagem... Depois veio a palavra... Imagem e palavra juntas fizeram-se voz...

E a voz fez-se lábios, rosto, carne, osso, músculos, líquidos, cheiros, e habitou meus lençóis e fronhas... E habitou minhas paredes, minha cabeça, tronco e membros e, finalmente, materializou meu coração. Hoje, faz dele sua morada sem cerimônias...

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Reflexão 2

Os dias são estupidamente longos para o tanto de tudo que não gostaria de fazer.

Reflexão 1

As noites são imensamente curtas para o tanto do nada que gostaria de fazer.

sábado, 13 de setembro de 2008

A ARTE DE AMAR

Se queres sentir a felicidade de amar,
Esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma. Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixe o teu corpo entender-se com outro corpo, porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Manuel Bandeira

A Boca, não o beijo.

Os dois corpos se reconheceram mesmo sem nunca terem se tocado. A atração preencheu o ar e o desejo não satisfeito derramou-se em olhares e em novos desejos...

Restou às mãos fazer o curto caminho do desconhecido, cujo percurso, tão mal interpretado foi a desculpa necessária e conveniente para interromper a jornada.

“Acho melhor não prosseguirmos”, disse a voz. No corpo, talvez houvesse marcas de outros corpos... talvez... Eu não as vi. Seria esse o motivo? Não consegui descobrir. Às perguntas, vinha um carrossel em respostas. As voltas me deixam tonto...

Os dois corpos se reconheceram e quase se tocaram numa viagem que poderia ter sido longa e prazerosa. Acabou não sendo nem uma nem outra. Foi apenas promessa e esperanças de mais e mais desejos.

Sim, havia o desejo, mas não a atração. Havia o sonho, mas não a paixão. Havia a boca, mas não o beijo... Havia também o medo da rejeição, mesmo diante das explicações... De certo que haveria a rejeição. Talvez aquela mesma de um órgão transplantado...

E assim nas construções dos verbos auxiliares sem ação, deu-se o despertar. Os corpos se levantaram e caminharam cada qual pro seu abismo. Cada qual pro seu firmamento. Do que seria percurso entre dedos, pelos e salivas, restou apenas um leve aceno: “Até a próxima!”

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Desconexos

As sextas são os melhores dias da semana... mas o humano em mim se cansa profundamente dessa impaciente expectativa...

Neste momento pegaria um ônibus e em 10 horas de estrada encontraria, provavelmente, nada do que pressinto... apenas do que sinto.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Ligação

Disse que ligaria. Não ligou. Disse que viria. Não veio. Disse que viveria e viveu! Viveu e contou seus sonhos e devaneios a ouvidos pouco atentos, mas as bocas escutaram sua voz famita.
Quantas quartas serão necessárias para alimentar a pequena eterna espera daquilo que está por vir e não vem?


Em quantas esquinas é possível conjugar o verbo saudade?

Saudade

A saudade é inconveniente... Bate a qualquer hora do dia ou da noite. Escurraça o coração e alma com auto-censuras e desejos quase sempre incontroláveis. Não conheço saudade risonha. Essa minha fiel e cruel companheira espreita-me dia e noite. Chama-me, as vezes, para lugares e épocas que nunca estive... em sua ciranda de rodopios, não se contenta mais com as ausênicas, agora chama a roda as inexistências...

Sou tão bom companheiro da saudade que ao seu lado meus braços e pernas se alongam e abraçam pessoas, beijos e bocas que ainda não conheci... mas apenas por hora...

Dissimulação

Descobri que a dissimulação é a pior de todas as mentiras, não importa em que lado da cerca você esteja.

Amizades

Tem amizades que jã nascem velhas... Outras nem chegam a nascer. :(

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Ima de geladeira

Há um mundo bem melhor...
Só que é caríssimo!

19 anos

Aos 19 anos, faltam 22 para os 41.
Aos 19 anos, não se tem a menor idéia do que serão os 41.
Aos 19 anos, tudo que se tem são planos e paixões.
Aos 41 também. A diferença é que você sabe disso aos 41.

Entre 19 e 41 há um mar de experiências a serem vividas, podendo
parecer que um é partida e o outro chegada.
Nada disso. 41 e 19 são partidas e chegadas simultaneamente para qualquer direção.
Podem ser também o mesmo número de uma única equação, descobrir a fórmula é que são elas!

Lembro dos meus 19 tão bem vividos, apesar das muitas obrigações. Lembro até dos sonhos. Casa branca. Portas e janelas azuis. Filhos. Esposa. Trabalho. E uma felicidade de coisas totalmente estanques umas das outras. Mas como é bom amar aos 19!

Há ainda sonhos na realidade dos 41... Aos 19, entretanto, há só um pouquinho de realidade nos sonhos, o suficiente para manter o próprio sonho. Aos 19, tudo é eterno. Até o sonho. Até o amor. Até as casas brancas...

Quando temos 19 podemos ser qualquer coisa aos 41... mas aos 41 só conseguimos ser o que é possível ser, embora exista quem se engane nesse quesito. A eternidade sentida aos 19 permite protelar infinitamente os projetos. Aos 41, não. Os projetos, quando existem, ou são executados ou são alijados, deletados, esquecidos e enterrados de vez. Sem chances de renascimento, porque não há mais tempo para nenhuma postergação. É hoje ou nunca, pelo menos em tese.

Saudade, às vezes doída, dos meus 19, onde várias vezes me vi sonhando com os 41. Era uma idade tão distante, mas chega-se nela num aterrorizante piscar de olhos. Cheguei! E, agora, volto o olhar aos 19 e acho que a vida inteira tive 41.

Pode me chamar de louco com o que vou dizer agora, mas encontrei aos 41 os meus 19! Neste encontro, reencontro os doces beijos tirados da mesma e única boa boca. Eram beijos ardidos de desejos... desejos de outros beijos. Aqueles que ainda viriam, mas todos já se encontravam ali latejantes, esperando o momento de vir a tona. Vieram todos e muitos outros que eu nem esperava. Vieram e me inundaram (e me inundam), provando que 19 e 41 são o mesmo número da equação que transforma passado e futuro numa única face da moeda chamada presente.

sábado, 19 de julho de 2008

Células da solidão

Carrego comigo dois celulares. Acabo de descobrir a única utilidade disso. Nos dias de profundo cansaço da minha solidão, posso ligar de um para outro e, pelo menos por um efêmero momento, imaginar novos futuros, novas expectativas, novos sons, novas ou velhas vozes que me chamam. Trin, trin... toca, toca... Alô? Como resposta, o arfar da minha respiração e o bumbar do meu coração.

Expctativas

Certa vez me disseram (ou seriam "certas vezes"?!) que minhas expectativas assustavam! Típica frase de quem se esconde atrás de um pretenso cuidado com o outro para não revelar suas verdadeiras intenções que, muitas vezes, não passam de uma única expectativa.

Esse papo é muito comum nos encontros sexuais... Há toda uma atmosfera no ar. O cara fala pra mina ou vice-versa ou vice-vice ou versa-versa: "To te querendo. Quero te beijar. Quero transar até náo poder mais. Vim aqui pra isso, mas... mas suas expectativas assustam". Ou, "suas expectativas são muito elevadas... não estou a altura delas" Que altura?

Você que me lê e nem está me pedindo conselhos.. mas ouça este: Não use aquelas falas, quase fajutas. Elas decepecionam o ouvido.... Decepam desejos... Desandam a comida e transformam vinho em vinagre. Se tens medo de expecativas alheias, não chegue perto nem da porta, porque você não merece que ela se abra.

Expectativas alheias assustam? Não deveriam. É sempre possível tentar ajustá-las as nossas, não atendê-las ou esquecê-las, mas temer?! Não! E muito menos sentir-se aquém delas...

As minhas expectativas são como brotos, plantados para o futuro. Alguns vigam e outros jamais deixam de ser promessa. E daí? Aliás, expecativa cada um tem a sua. Como aquela histõrinha do "ema, ema, ema"...

Coisa engraçada a tal expectativa.. Esse sentimento é tão necessário e vital como o ar e, ao mesmo tempo, pode ser tão asfixiante como a ausência dele.

Sem expecatativas não vivo, não sonho, não caminho. Impossível dar um passo a frente, ainda que esse passo a frente siginfique o bueiro, a topada e, finalmente, a queda. Se cair é só levantar!

sábado, 12 de julho de 2008

Musas

A poesia não prescinde de musas. Aliás ela só existe quando há musas. Poeta sem musa é como violão sem corda, adão sem eva.

Não sou poeta, mas tenho musas. Hoje, se chamam saudade e solidão. Amanhã, talvez, esperança até encontrar novamente a perdida paixão.

Amo todas elas. Elas me inspiram a escrever versos no ar e a seguir compondo a epopéia que é a minha vida ou, melhor, as epopéias que são todas as vidas.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Sem fim...

Pergunta-se a cada dia quando terá fim o ciclo, a espiral sem fim da sua auto-flagelação. A porta de saída parece trancada e com a chave perdida. Não há marretas nem pés-de-cabra capazes de arrombá-la.

Enquanto isso, suas carnes são dilasceradas e recompostas a cada chibatada. É um sofrimento indizível e sem fim, sem saída. É a repetição dolorida e sem fim, sem fim, sem fim. Louco, pensa, quem pensa que tudo passa... nada passa. Tudo é repetição sem fim, sem fim...

Tudo é repetição.... Até a gota de sangue que cai e volta a cair e volta a manchar. Tudo não passa de repetição... Até o grito de dor, quando chega a sair, não passa de reverberação de outros gritos, outras dores sem fim, sem fim...

Nem a morte com suas longas mangas tem o poder de romper o ciclo, a espiral sem fim, sem fim, do mar de dúvidas, vacilos e receios... Porque tudo é sem fim. Tudo é ida e volta ao mesmo tempo, verso e reverso, tudo e nada, pleno e vazio.

Seu sangue vertido converte-se milagrosamente em cartas que ninguém lê. São garrafas lançadas ao mar, mas acabam por encalhar em praias desertas e esquecidas em "num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico".

Deita-se inerte. Não há conformação, porque nem isso é possível em tal situação.. em tal estado de coisas. Não há remédio e nem remediado está...

domingo, 29 de junho de 2008

Rejeitado no Orkut


Quem nunca levou um não de alguém deve estar cercado de pessoas falsas e bajuladoras ou deve ser realmente muito incrível... Eu já levei diversos na minha media jornada de vida. E agradeço por muito desses "nãos". Alguns, entretanto, lamento até hoje.

Já levei não para emprego, namoro, trepada (esses perdi a conta!). Levei não até para amizade, manifesto na "impossibilidade" persistente para compartilhar bons momentos. Fazer o quê? Entendi o recado e desisti no segundo convite rejeitado.

Penso tudo isso, porque pela primeira vez um convite meu de amizade virtual foi rejeitado. Buá, buá, buá... Quase me atirei do sexto andar! Comecei a me achar ridículo por ter enviado o convite.... Depois, meu orgulho ferido começou achar a pessoa uma pretensiosa, egoísta, arrogante, prepotente, narcisista, besta e, afinal, uma ridícula por me esnobar.

Putz, rejeitar convite de amizade virtual!? Será que a pessoa se acha tão importante? Ou se acha tão irresistível que interpreta todo pedido de amizade como uma cantada? Ou, pensando assim, só aceita os pedidos de quem ache interessante estabelecer uma "troca de fluídos"? Ou será que me enganei com o que li, achando ser uma pessoa super legal, quando na verdade é alguém que nem é tão legal assim?

De qualquer forma, que dorzinha ruim... Carácolis! E olha que a minha página do orkut atesta os meus bons antecedentes tanto pelas amizades, quanto pelas comunidades...

O que mais acho engraçado é o conceito estampado em alguns profiles, inclusive nesse a qual me refiro: "só adiciono quem eu conheço". Conhece como, onde? A frase soa, no mínimo, hipócrita. Se assim é, porque ter um perfil que pode ser acessado por cerca de 20 milhões de pessoas no mundo? Ora pois! É semelhante aquilo: "pode por, mas só a cabecinha". Baby, o orkut não tem pescoço, nem cabeça. É uma rede de relacionamentos. Pra isso foi criado. Por isso existe, graças a Deus!

Ok. Reconheço agora que o erro foi meu. Eu não tinha lido a frase no profile. Se a tivesse lido, não teria enviado o convite. Essa frase pra mim é muito mais reveladora do perfil da pessoa no orkut do que todas as baboseiras que costumamos escrever narcisisticamente a nosso respeito.... Também errei por achar que a dita pessoa fosse tão legal e interessante quanto a sua lista de amigos... snif, snif. Talvez não seja.


Não vou, contudo, me entregar ao desespero do orgulho ferido. Tenho simplesmente 20 milhões de pessoas pelas quais posso tentar estabelecer contato, troca de informações e experiências. Por isso, vou continuar batendo:

"precisa-se de alguém (...) que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir(...). Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo". (Precisa-se, Clarice Lispector)

De minha parte, abro a porta a todos que batem oferecendo ou pedindo amizade, principalmente as virtuais. Claro que, antes de abrir, espio pelo olho mágico, mas a porta sempre se abre, mesmo que eu precise expulsar, depois... mas isso nunca aconteceu com quem encontrou o meu endereço. Por isso, pode bater....

... e a você que nem me conheceu, "aquele abraço"!

O imenso e o estreito

Esteve toda a vida a margem do riacho murmurante e estreito de onde sabia tirar todo o seu contentamento.

Ao se deparar com o mar não sabia o que fazer. Deitou-se na areia. Deixou-se envolver pela espuma branca e efêmera das ondas como quem adorna-se com um colar de pérolas.

Mal respirava. Não conseguia entender toda aquela imensidão. Permitiu deixar-se tocar. Sem ação. Só pensamentos... e a angústia de não conseguir abraçar aquele mar.

Inerte estava, inerte e angustiado ficou. Naquele momento, preferia o riacho estreito, murmurante, conhecido e abraçável. A imensidão, entretanto, o fascinara.

A maré recuou e levou consigo as perólas. Com o corpo ainda colado areia entendeu naquele momento a imensidão do mar, a estreiteza do riacho e o vazio de si.

"Nem que eu bebesse o mar, encheria o que tenho de fundo"
Djavan

sábado, 28 de junho de 2008

A certeza dos ossos


A única certeza que trago é o amontoado de pó que meus ossos se transformarão em algum dia. Mais do que isso são suposições de um xadrez jogado às escuras, cujas regras se modificam a cada lance.

Mórbido? O que é a morbidade senão a constação de um fato consumado ou que virá a ser consumado? Não há o que se temer da morte, mas sim o de não ter vivido. O pavor de descobrir que não se viveu deve ser tremendamente horrível.

Menos pior é saber que não está se vivendo. Nesse caso, o verbo no gerúndio pode salvar. O não estar "vivendo" encerra em si a possibilidade de começar a viver. O que te parece? Como saber? Só apelando para contabilidade... "Quantos minutos você já viveu?/Em todo esse tempo você cresceu?/Conte nos dedos quantos consolou?" Marielza Tiscate.

Escrevi tudo isso por puro desabafo. Exercito neste momento a minha contabilidade... mas nunca fui bom com números... ;)

segunda-feira, 31 de março de 2008

O milagre da chuva


Chuva que molha o vento, sacode o coqueiro, apaga o braseiro, treme o chão. Em apenas uma gota de chuva, quanta surpresa e emoção! Capaz de fertilizar terrenos áridos e fazer brotar a gramínea, que por mais efêmera, nào é menos verdadeira que a longevidade do carvalho, pinheiro e baobás.

Intranquilidade aérea


Não me venha me dizer que você não tem medo de avião! Ora, só não tem medo quem nunca andou... Impossível ficar tranquilo a 35 mil pés de altura ou, para ser mais claro, a 11 mil metros... Eu disse 11 mil metros!

Já me falaram da segurança dos equipamentos e quanto os pilotos sào bem preparados... Tudo bem, mas porque será que volta e meia cai uma dessas máquinas ou aparelhos, como dizem no jargão aeroviário?

Não, não tem racionalidade e nem tranquilidade que resistam. Os meus piores pesadelos começam na tal da turbulência... Ótima oportunidade de exercitar a memória e lembrar de todas as orações aprendidas na infância ou de todas as pendências esquecidas em reconditas gavetas. E me tornei mestre nisso. Tem uma que recito pra mim mesmo. Ensinado pela minha vó materna, quando andava de ônibus. Uso para avião. Tenho certeza que serve. A oração é a seguinte: "neste avião tem quatro cantos e em cada canto tem um santo: São Pedro, São Paulo, São Mateus, e Jesus Cristo com todos os três"....

Não suporto turbulência da minha vida no chão, que dirá as turbulências externas a 35 mil pés! Não, não consigo. E a idade, neste quesito, ao invés de trazer tranquilidade só aumenta a angustia. Nos primeiros vôos, só pedia cadeira na janela. Gostava de ver as nuvens de cima e imaginar que aquele tapete era o polo norte aéreo... Hoje, só quero corredor. Pois quero ser um dos primeiros a pular da cadeira, quando chega a abençoada hora da aterrizagem... Que alívio... ufa! Mais uma.... Alívio esse que se quebra, quando os pilotos fazem a tal da "arremetida"? Passei por essa situação a três semanas. Foi a segunda no meu histórico de horas de vôo....

Bom. Escrevo para alivir a TPV (tensão pré-vôo). Embarco daqui a quatro horas para Brasília. Depois de uma pequena estadia num dos mais belos litorais brasileiros.... Só não foi perfeita a viagem porque era a trabalho... Viagens a trabalho são extremamente desonestas. Sempre roubam valiosas horas de boa e merecida vagabundagem... Ainda bem que choveu.. e muito!

Terei boa viagem, com certeza, mas haja TPV!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Renascido


Ei, você que já havia desistido de mim, veja-me aqui. Voltei em bits e bytes transfigurados em letras luminosas! Renasço hoje depois de um bom período de ausência. Foram o stress cotitidano e a descarada e velha preguiça, companheira quase sempre indomável, que me impediram de aqui chegar.

Vivi tanta maluquice e tanta banalidade juntas que não sei por onde começar... Pensando bem não vou começar nada agora.. Vou aproveitar o dia de férias e voltar para os braços calorosos da preguiça, suave dama indomável, que me aguarda no leito. Juntos curtiremos este frio e fog candango. Eu, ela, o livro e as revistas - uma orgia das boas.