sábado, 21 de julho de 2007

Aviso

Estou avisando desde já que moças, senhoras, rapazes sensíveis e os politicamente "corretos" não devem ler o post aí de baixo. O aviso é importante, porque vivemos numa época que o mais inocente dos comentários muitas vezes é taxado politicamente incorreto. O que para muitos é crime passível de paredão, como o de Cuba.

Cretinices na hora do almoço

Dois amigos sentados à mesa de um restaurante a quilo. Um chama atenção do outro.

- Viu aquela morenona ali?
- Sim. Interessante.
- Pela roupa, deve ser antropóloga ou socióloga.
- ?
- Saia com estampa colorida, brincos e pulseiras de capim doirado, só pode ser antropóloga ou socióloga... Sou tarado por todas elas...

- (Rs. Rs). Provavelmente sonhou ser namorada do Che Guevara.

- Provavelmente até foi, mas isso é um segredo que ficou só entre ela e os próprios dedos.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Um dia de cão



O título aí de cima foi descaradamente roubado do filme, mas não encontrei nada melhor para traduzir o dia de hoje. Foi um saco! Eu estou um saco, chato, intolerante... Sinto-me encurralado, só que sem reféns... PQP!

A merda já começou de manhã cedo. Ao acordar. Também quem manda querer pregar pano novo em tecido velho e roto! Bem feito! Toma-lhe, mané! Que noite ruim! Que sono ruim! Que cama ruim! Que despertar ruim! Preciso mudar os cep urgentemente...

Pra completar, fui resolver umas pendengas na Procuradoria da Receita Federal. Uma fila quilométrica de devedores, eu era mais um... Perguntei ao guarda se não havia nenhum telefone de contato, uma vez que só queria informação, ele caiu na gargalhada! A falta de respeito é duca! Eu perguntei qual era a graça... Aliás, a graça é que o cidadão é sempre tratado como palhaço.

O cara acha engraçado ver mais um idiota na fila. Só pode ser isso. O pior ainda estava por vir ao saber que os caras querem cobrar multa em cima de multa da dívida que tenho... Ora pois! Isso é ilegal! Não é a toa que muitos juristas defendem a tese que o Estado é o maior violador de direitos do cidadão. É mesmo! Ladrões!

O dia tá tão ruim hoje que ninguém me ligou. Ninguém! Plutão deve estar em conjunção com a casa do caral..... Não é possível! Esse aparelho toca irritantemente, todos os dias. Hoje, somente hoje, que queria que ele tocasse, não tocou. O pior de tudo é que estou tão sortudo que as ligações que eu fiz só foi pra pessoas indisponíveis.

Bem que tentei mudar.. Fiz a barba logo após o almoço. Cortei a unha do pé (tava parecendo garras)... Mas nada adiantou. Além de tudo, me olho no espelho estou me sentindo a última criatura... Acho que tá na hora de corta o cabelo. Cortar, não. Tosar, tosquiar. Encarecar. Máquina zero, já!


Vou abrir o Evangelho ao acaso. Ver o que me diz as Sagradas Escrituras:

Oba! Caiu em João (meu evangelhista preferido), cap. 21, versículo 6

"E ele lhes disse: Lançai a rede para a banda direita do barco e achareis."

Ok. Acho que entendi a mensagem. Devo estar querendo colher peixes do lado errado do barco...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Fatalidade, morte e tempo


Acabo de ler na Folha de São Paulo: “Consultor conseguiu antecipar o vôo e escapou do acidente” .

Trata-se da história de Fabrício Costa, 29 anos, consultor de empresa que deveria estar no vôo JJ 3054 da TAM que partiu ontem de Porto Alegre às 17h para uma viagem sem volta. Fabrício terminou seus compromissos na capital gaúcha mais cedo. Foi para o Aeroporto e por “sorte” conseguiu embarcar no vôo JJ 3052, da mesma companhia. Chegando por volta das 15h em São Paulo sem incidentes. Infelizmente, destino bem diverso tiveram os cerca de 180 passageiros que estavam no vôo que Fabrício “deveria” estar.

Ontem, todos nós fomos expectadores da tragédia. Vimos pelas olhos eletrônicos da TV e da internet as chamas consumindo o avião e imaginamos dolorosamente a agonia de 186 pessoas dentro daquele aparelho. Se pensarmos nos familiares e amigos, nas histórias daquelas relações todas, podemos imaginar o mar de lágrimas, tristeza e saudade.

A morte trágica é uma amputação cruel, sem anestesia para aqueles que ficam. Ter um amigo, amor, parente, retirado violentamente do convívio sem que nada possa ser feito é de uma crueldade sem limites. A dor é dilacerante. Difícil de ser consolada ou aceita.

Quem poderia imaginar que depois que o aparelho venceu 35 mil pés (11 mil metros) de altitude, viria ser protagonista de tamanha tragédia? Chega a ser covarde. Sim, porque quando a roda do avião toca no solo é o momento em que há um suspiro de alívio, uf! Todos sentem isso. Vêem-se testas retesadas voltarem ao estado de relaxamento. Uns conseguem até sorrir. E aí, sem mais nem menos, o avião derrapa, atravessa uma avenida e vai estourar num galpão de combustível!

Contando, parece enredo daqueles filmes de terror B. Quando parece que está tudo bem depois de momentos de extrema tensão, a morte vem da forma mais cruel possível e elimina os personagens.

Voltando, entretanto, a Fabrício. Pergunto-me o que o fez conseguir embarcar num outro vôo e não fazer parte dessa tragédia? Eu mesmo perdi um amigo do vôo 1907 da Gol. A história dele foi inversa de Fabrício. Ricardo, antecipou o vôo e encontrou a fatalidade. Fabrício ao contrário, ao antecipar o seu vôo “fugiu” da fatalidade.

Penso agora na dor das famílias. Imagino o sentimento que invade a cabeça dessas pessoas em luto tão dolorido. Por que comigo? É a pergunta mais comum diante das fatalidades. Por quê? Difícil encontrar a resposta. Difícil falar para uma mãe e um pai que Fabrício foi “premiado”, mas o seu filho não. Mas é, de fato, um prêmio?

A nossa sociedade e cultura não transa muito bem a morte. Inconscientemente, temos a sensação “da eternidade efêmera da infância” (para usar uma expressão de um dos poemas do amigo Marcos Mazzaro). Crescemos e racionalmente sabemos que vamos morrer um dia, mas lá no recôndito do nosso ser, a sensação da eternidade (de que nunca vamos morrer) resiste. Nesse quesito, acho que as crianças são mais sábias do que nós adultos. Eu não tenho dúvidas de que a morte é uma ilusão... mas aceitá-la... confrontar-me com a idéia da efemeridade do meu status quo atual, já é outra história.

A morte sempre traz uma desculpa, dizem alguns. Mas se a morte é a única certeza que podemos ter em vida, ela não precisa de desculpas. Ela é soberana. Ela virá um dia. Dizem que alguns monges tibetanos se cumprimetam diariamente falando uns para os outros “você vai morrer”. “Credo! Coisa macabra”, pensei na primeira vez que ouvi a história, mas depois me convenci que talvez essa seja uma forma de nos lembrar da efemeridade das nossas experiências. Lembrar que desde hoje estamos a construir a nossa morte amanhã. Então, supõem-se que tudo passa. Tudo vai passar. Embora seja difícil convencer o coração dilacerado de quem fica na margem do rio, vendo o barqueiro levar o ente querido...


E, invariavelmente, quando vemos o barco partir, sempre nos perguntamos espantados entre a dor e a saudade: “Qual o significado disso tudo?!” E porque tinha que ser agora? O confronto com a morte acaba por nos leva a refletir sobre o tempo e o que fazemos com as nossas vidas, como se elas se desenrolasse num filme, onde há um roteiro e aí vem uma outra inevitável pergunta: "Quando será a minha vez"?

Os gregos acreditavam nas Moiras (para os romanos, Parcas) , três irmãs que desenrolavam e cortavam o novelo de linha da vida. As três deusas também eram chamadas de Fates, daí o termo fatalidade. Qual a lógica que as Moiras seguem para dizer em qual parte da linha a vida será cortada? Há lógica ou é apenas uma ato discricionário? Segundo a mitologia, nem Zeus o deus supremo do Olimpo, podia contestar as suas decisões.

Já na mitologia do Candomblé, idéia do tempo é diversa. Todos têm o poder de produzir o seu próprio tempo. Não existe um futuro a ser alcançado, como nós ocidentais imaginamos. Porque “o tempo é uma composição dos eventos que já aconteceram ou que estão para acontecer imediatamente (...) não fazendo nenhum sentido a idéia do futuro como acontecimento remoto desligado de nossa realidade imediata”, segundo John Mbiti, no blog Nonomito. Até onde entendi, não há essa sucessão de coisas. Não há uma linha de chegada. Aliás, essa linha de chegada até existe, mas ela está sendo construída e modificada a cada momento do agora.

Na cultura ocidental, é comum a idéia de que tempo é uma linha que o destino usa para construir a sua trama, seguindo um plano uma lógica. Para alguns iluminados, essa lógica é acessível, sendo possível a eles prever as próximas cenas ou “pontos-cruz” desse bordado infinito. Sendo assim não existe o futuro da forma fatal que o imaginamos.

Fabrício, por sua vez, diz que vai mudar. "Eu olho para o bilhete lá... eu poderia estar no vôo. Muita coisa vai mudar. A única coisa que posso dizer neste momento é que graças a Deus estou vivo!". Talvez, ele diga isso, chegando a conclusão de que a vida que levava poderia tê-lo colocado como um dos personagens da tragédia; ou quem sabe, movido também pelo esforço que costumamos fazer em dar significados aos ocorridos em nossas vidas.

Talvez seja o momento dele ter forças para conseguir abraçar um antigo desafeto. Pedir desculpas alguém. Desengavetar algum projeto.. Enfim, qualquer coisa que o deixe quite consigo mesmo. Os seus familiares e amigos idem.

E por não ter nada mais a dizer, termino esse post lembrando Vinícius de Morais: “O meu tempo é o agora!”.
PS. A colega blogueira Rachel, me informou de uma campanha que o Zeca Camargo está fazendo no blog que ele tem. O nome é "eu vou morrer", aí as pessoas enviam suas fotos. Passem lá. É interessante.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Um abraço


Veio do amigo e poeta Eros, um e-mail super interessante. Trata-se de um cara chamado Juan Mann que ficava parado numa das ruas de Sydney, Austrália, empunhando um cartaz onde lia-se: "free hugs " (abraços de graça). Ele oferecia para as pessoas abraços.

O movimento cresceu tanto que o Conselho da Cidade, segundo o e-mail que recebi, proibiu a campanha. Juan Mann não se deu por vencido e iniciou um campanha para liberar o "free hugs". Conseguiu arrecadar 10 mil assinaturas e iniciar um movimento mundial.

Existe um vídeo dessa campanha mixado com a música All the same, da banda Sick Puppies. O líder do grupo Shimon Moore, tornou-se amigo de Mann depois de ter recebido um abraço dele.

Bem vc pode estar se perguntando "e daí?". Mesma pergunta que fiz, lendo o e-mail. A notícia é velha e o movimento já até chegou ao Rio de Janeiro... mas quando vi o vídeo, achei tão emocionante. Toca-nos. Primeiro, porque parece louco que uma pessoa inicie uma campanha do abraço, mas é mais louco ainda a administração da cidade proibir o movimento. Depois, toca-nos porque vemos no vídeo o quanto as pessoas se transfiguram ao se permitirem abraçar estranhos. Parecem crianças.

Sim, porque abraçar o amorzinho, o papaizinho, a mamaezinha, filhos e toda sorte de gente que conhecemos e temos alguma afinidade, ainda que mínima, é muito fácil. Tão fácil que tornou-se até banal. Agora, abraçar estranhos na rua, exige um total desprendimento, amor e muita coragem, e cá entre nós uma certa infatilidade.

Abraçar é trazer pra junto. É unir coração, respiração, calor, cheiros. É troca. Mas a palavra "troca", assusta, porque nunca sabemos o que nos será levado e o que será recebido do outro... Sem querer ser óbvio, mas já sendo um pouco, não preciso dizer que em época de individualismo extremo, o abraço é algo desencorajado e vem sendo substituído pelo formal aperto mão, que até poderia ser uma versão pocket do abraço, mas cada vez mais conheço pessoas que mal tocam as mãos no cumprimento.

Entretanto abraço reciste ao tempo, aos preconceitos e medos. É algo tão envolvente e importante que para muitos constitui-se em ato religioso. No Rio de Janeiro, há pelo menos uns 15 anos, soube de um cara que oferecia a "terapia do abraço". As pessoas iam nas reuniões e todos se abraçavam. Tinha um quê de religioso, porque havia um trabalho de auto-conhecimento. Lembro ainda de um centro de Umbanda que fui há muitos e muitos anos. Lá, na roda de Pretos-velho, havia uma canção que nunca saiu da minha cabeça:

Um abraço dado
de bom coração
é o mesmo que um benção
Uma benção ou oração.
É bom sentir o calor de um abraço apertado. Pode realmente ter a força de uma oração, mas há tantos abraços. Eu particularmente, gosto muito dos que são dados na chegada. Eles encerram um ciclo de expectativas. Os de despedida, levam um pouco da gente quando acabam.... Os de chegada, não. Somam. Fudem. De qualquer forma, de chegada ou de despedida sempre é bom receber um...

Bem, se você como eu esteve em marte nos últimos tempos e não soube e nem viu o vídeo da campanha "free hugs" o link é esse aí de baixo.
http://www.youtube.com/watch?v=vr3x_RRJdd4&eurl=http%3A%2F%2Fwww%2Efreehugscampaign%2Eorg%2F

Passe lá. Veja. O único risco que você corre é ter vontade de abraçar alguém, uma ação que acredito pode te tornar mais feliz. Eu não tenho dúvidas, você tem? Então tente!

Aproveito para lhe enviar uma silenciosa oração na forma do mais caloroso abraço. Espero que aceite e passe a frente.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Alguns Poemas 2

"Não quero que me pergunte
como vão as coisas.
Nada vai.
Tudo está”.


Jacinto Fabio Corrêa

Easing going



Tenho andado excessivamente romântico, beirando ao brega.. Um amigo meu ao ler os meus posts, observou “vc deve estar muito apaixonado”... rs.rs. Sou um eterno apaixonado mesmo. Um romântico carente incorrigível. Fazer o quê? Eu já contei que já me apaixonei por pessoas dentro de um ônibus, num percurso de 30 minutos. Pois é!

Eu sou assim. Às vezes, basta me olhar diferente que já gamo. Se sorrir, me atiro aos pés. Se rolar beijo, no dia seguinte mando flores e bombons. Adoro convidar para o café. Encher de beijinhos entre um gole e outro... hummmmmm Beijo com café e chocolate torna-se perfeito.

Sou também o tipo que vive redescobrindo paixões esquecidas... Aquela história que “sessão nostalgia comigo não rola”, comigo rola. Vivo me re-apaixonando por músicas, poemas, amigos, “amores”... Comida e bebida. Não sei não, mas acredito que o “vale a pena ver de novo”, pode ser tão ou mais surpreendente do que possamos supor...

A maré, contudo, não tem andado boa para os românticos, não. Fico impressionado com a minha capacidade de me apaixonar, me envolver e me apegar às pessoas, mas fico aterrorizado com a capacidade das pessoas em descartarem os outros... É meio que “a fila tem que andar”. E não falo só de relacionamentos íntimos. Tenho percebido isso nas relações de amizade também. E o engraçado é que cada vez mais ouço as pessoas queixarem-se da solidão, carência...

Nada a haver, talvez pense você. A vida é assim mesmo. A fila não para... etc. etc. É pode até ser. Segundo um amigo meu eu sou “easing going”, em bom português ele quer dizer que sou fácil! Ele não deixa de ter razão. Toda vez que me refiro a alguém o sentimento vem a frente, tipo: “sabe fulano(a), cara, como gosto dele(a)!” Esse meu amigo imediatamente retruca: “de quem que você não gosta?”. Faz sentido...

O difícil é saber quem gosta de mim o tanto que eu acho que gosto das pessoas. Essa dificuldade costuma atrapalhar e muito... Uns chamam de carência... Eu chamo de solidão.

domingo, 15 de julho de 2007

Tanto Faz

Outro dia ouvi uma história. Na verdade, eu roubei a história. Eram dois caras conversando e pela minha proximidade física, acabei por ouvir. No começo sem querer, depois por pura curiosidade.

Um falava pro outro sobre uma pessoa (acho que era uma mulher. Digo acho porque nos tempos atuais tudo é possível) que, apesar do visível derretimento dele, ficava na turma do tanto faz. Imaginei o pobre romântico sofredor entabulando o seguinte diálogo com a insensível criatura...

Ele – Alô? Puxa, que bom que você atendeu ao telefone. Fiquei feliz em ouvir novamente a sua voz. Aliviou os hematomas (rs)

Ela – Que hematomas? Você se acidentou?

Ele – Sim. Depois que você parou de me ligar e deixou de atender as minhas ligações, cai de saudade e estou cheio de hematomas.

Ela - ?????

Ele – Bem (voz trêmula de felicidade e meio sem graça), viajo amanhã. Não me demoro. Quando voltar, se você estiver disponível, poderíamos ir tomar chopp. O que acha?

Ela – Pode ser. Tanto faz.

Ele – Pode ser?! Ok. Foi uma péssima idéia! Ta bom, podemos tomar um vinho espanhol..... uhm... Ou você prefere o chopp?

Ela – Tanto faz.

Ele – Como assim? Ok. Já sei. Ainda péssima idéia! hummm Ta bom! Peguei pesado. Vinho é muito íntimo e cheio de intenções... E se tomarmos aquela cerveja alemã que você adorou?!

Ela – Afff... Tanto faz!

Ele – Aff???!!! Péssima idéia, de novo!!?? Eu não ando muito inspirado mesmo... Já sei! Ficamos no café com água mineral gasosa.. Convido-te a ir aquele café que queria ter te levado. Lá, estará a salva da minha saudade. Por favor, não me diga que é péssima idéia de novo! (Rs. Rs.)

Ela – Eu teria aceitado o primeiro convite. Afinal, pra mim, tanto faz! Liga pra mim quando voltar aí fazemos alguma coisa.

Ele – Ok. (Disfarçando a total perda do rebolado).. Ligo, sim....

Não sei o final da história aí de cima. Provavelmente, o moço nunca mais ligou. Se assim fez, fez bem. Não sou do time que acredita que a insistência, nesses casos, possa render alguma coisa. Quero dizer, até rende. Frustração e mais frustração...

Acho que nada é pior do que o tal do “tanto faz”. Talvez o fora seja mais honesto e denote mais consideração do que um simplesmente “tanto faz”!

Talvez por isso, Jesus (perdoe se você não é cristão) tenha dito: "Seja o seu dizer sim, sim. Não, não...

Acredito que adeptos do tanto faz sejam um tipo de planta. Não vão lugar algum por si só. São imóveis.

Sobremesa e vinho salvam do caos



As sobremesas têm me salvado do caos.

Esse verso é de Jacinto Fabio Corrêa, um dos meus poetas preferidos. Adoro. Redescobri os seus poemas recentemente. Ele me deu a honra de visitar o meu “brog” e deixou um comentário. Aliás, uma poetisa criou um blog só com poesias do Jajá (para os íntimos). Quem quiser conhecer mais é só ir lá. Vale a visita!

O verso aí de cima é tão real que chega a ser brilhante. Talvez por isso as pessoas tenham tanta dificuldades em manter-se em dietas! Quantos encontram o merecido consolo numa travessa inteira de pudim de leite? Quantos bebem licor no bico da própria garrafa ou se empanturram com barras e barras de chocolate para fugirem do próprio caos íntimo ou da solidão?


Ouvi do próprio Jacinto: "quem precisa de sexo, quando se tem chocolate a disposição?" Bem, eu não concordo totalmente.... prefiro o vinho (melhor amigo dos românticos) mas, por segurança, sempre guardo uma barra de chocolate na gaveta do criado mudo, bem do lado da cama. É só esticar o braço e pegar.


Nada melhor, depois de ter levado algum bolo, comer aos pouquinhos uma barra de chocolate recheado de castanhas. Nada de morder. Deixa a massa marrom escuro derreter lentamente na boca até ficarem só as castanhas crocantes. Para assim, em movimentos mandibulares suaves triturá-las. A luta inglória do sal com chocolate provoca um sabor na boca inigualável. É impressionante como tudo se rende ao chocolate. Do sal a tristeza, passando pelos desejos e ânsias não atendidas. Tudo se rende. Tudo se funde e é engolido e transformado em outra coisa dentro, que inevitavelmente vai sair. Um alívio.


Lanço mão do chocolate, porque onde moro as garrafas de vinho e licor ficam fora do alcance. Levantar a noite para pegar uma e abrir faz muito ruído. Pode perturbar o sono de quem não tem nada a ver com as minhas solidões. Então deixo as bebidas para os fins de tarde, solitários, de domingo.


Embora, vinho seja uma bebida ideal para beber a dois (põe ideal nisso), nada me alegra mais depois de ter passado por uma situação de "tanto faz" abrir uma garrafa de espumante Aldolfo Lona. É nacional. É um dos melhores. Alguém já disse, e eu concordo, a vida fica muito melhor depois de uma taça de espumante ou champanhe. As bolinhas estouram na boca e deixam alegrias persistentes. Não há tristeza que resista! Pode acreditar!