domingo, 29 de junho de 2008

Rejeitado no Orkut


Quem nunca levou um não de alguém deve estar cercado de pessoas falsas e bajuladoras ou deve ser realmente muito incrível... Eu já levei diversos na minha media jornada de vida. E agradeço por muito desses "nãos". Alguns, entretanto, lamento até hoje.

Já levei não para emprego, namoro, trepada (esses perdi a conta!). Levei não até para amizade, manifesto na "impossibilidade" persistente para compartilhar bons momentos. Fazer o quê? Entendi o recado e desisti no segundo convite rejeitado.

Penso tudo isso, porque pela primeira vez um convite meu de amizade virtual foi rejeitado. Buá, buá, buá... Quase me atirei do sexto andar! Comecei a me achar ridículo por ter enviado o convite.... Depois, meu orgulho ferido começou achar a pessoa uma pretensiosa, egoísta, arrogante, prepotente, narcisista, besta e, afinal, uma ridícula por me esnobar.

Putz, rejeitar convite de amizade virtual!? Será que a pessoa se acha tão importante? Ou se acha tão irresistível que interpreta todo pedido de amizade como uma cantada? Ou, pensando assim, só aceita os pedidos de quem ache interessante estabelecer uma "troca de fluídos"? Ou será que me enganei com o que li, achando ser uma pessoa super legal, quando na verdade é alguém que nem é tão legal assim?

De qualquer forma, que dorzinha ruim... Carácolis! E olha que a minha página do orkut atesta os meus bons antecedentes tanto pelas amizades, quanto pelas comunidades...

O que mais acho engraçado é o conceito estampado em alguns profiles, inclusive nesse a qual me refiro: "só adiciono quem eu conheço". Conhece como, onde? A frase soa, no mínimo, hipócrita. Se assim é, porque ter um perfil que pode ser acessado por cerca de 20 milhões de pessoas no mundo? Ora pois! É semelhante aquilo: "pode por, mas só a cabecinha". Baby, o orkut não tem pescoço, nem cabeça. É uma rede de relacionamentos. Pra isso foi criado. Por isso existe, graças a Deus!

Ok. Reconheço agora que o erro foi meu. Eu não tinha lido a frase no profile. Se a tivesse lido, não teria enviado o convite. Essa frase pra mim é muito mais reveladora do perfil da pessoa no orkut do que todas as baboseiras que costumamos escrever narcisisticamente a nosso respeito.... Também errei por achar que a dita pessoa fosse tão legal e interessante quanto a sua lista de amigos... snif, snif. Talvez não seja.


Não vou, contudo, me entregar ao desespero do orgulho ferido. Tenho simplesmente 20 milhões de pessoas pelas quais posso tentar estabelecer contato, troca de informações e experiências. Por isso, vou continuar batendo:

"precisa-se de alguém (...) que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir(...). Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo". (Precisa-se, Clarice Lispector)

De minha parte, abro a porta a todos que batem oferecendo ou pedindo amizade, principalmente as virtuais. Claro que, antes de abrir, espio pelo olho mágico, mas a porta sempre se abre, mesmo que eu precise expulsar, depois... mas isso nunca aconteceu com quem encontrou o meu endereço. Por isso, pode bater....

... e a você que nem me conheceu, "aquele abraço"!

O imenso e o estreito

Esteve toda a vida a margem do riacho murmurante e estreito de onde sabia tirar todo o seu contentamento.

Ao se deparar com o mar não sabia o que fazer. Deitou-se na areia. Deixou-se envolver pela espuma branca e efêmera das ondas como quem adorna-se com um colar de pérolas.

Mal respirava. Não conseguia entender toda aquela imensidão. Permitiu deixar-se tocar. Sem ação. Só pensamentos... e a angústia de não conseguir abraçar aquele mar.

Inerte estava, inerte e angustiado ficou. Naquele momento, preferia o riacho estreito, murmurante, conhecido e abraçável. A imensidão, entretanto, o fascinara.

A maré recuou e levou consigo as perólas. Com o corpo ainda colado areia entendeu naquele momento a imensidão do mar, a estreiteza do riacho e o vazio de si.

"Nem que eu bebesse o mar, encheria o que tenho de fundo"
Djavan