domingo, 29 de junho de 2008

O imenso e o estreito

Esteve toda a vida a margem do riacho murmurante e estreito de onde sabia tirar todo o seu contentamento.

Ao se deparar com o mar não sabia o que fazer. Deitou-se na areia. Deixou-se envolver pela espuma branca e efêmera das ondas como quem adorna-se com um colar de pérolas.

Mal respirava. Não conseguia entender toda aquela imensidão. Permitiu deixar-se tocar. Sem ação. Só pensamentos... e a angústia de não conseguir abraçar aquele mar.

Inerte estava, inerte e angustiado ficou. Naquele momento, preferia o riacho estreito, murmurante, conhecido e abraçável. A imensidão, entretanto, o fascinara.

A maré recuou e levou consigo as perólas. Com o corpo ainda colado areia entendeu naquele momento a imensidão do mar, a estreiteza do riacho e o vazio de si.

"Nem que eu bebesse o mar, encheria o que tenho de fundo"
Djavan

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