domingo, 4 de novembro de 2007

Torquato às três da madrugada

Quase tudo que sentimos já foi expresso de alguma forma pelos poetas. Somos tão iguais nas nossas vulnerabilidades. A diferença, se há diferenças, são os matizes e a maneira como conseguimos nos expressar.

Uns transformam seus sentimentos em tragédia. Outros em arte, outros em angústia e há aqueles, contudo, que não expressam. Calam-se na falsa indiferença de si mesmos até implodirem.

Eu sou mais do time que oscila entre a tragédia e a poesia... rs. E dependendo da situação é tragédia grega "sofocliana". É muito "tomate"! Mas, geralmente, eu tento me deter na poesia...

Ontem, por volta das três da madruga, uma solidão absoluta tomou conta de mim. Não era uma sensação ruim. Era só estranha, porque não conseguia defini-la. Não havia motivos, pelo menos claros. Acabara de sair de um encontro com amigos e a noite havia sido excelente.

Entretanto, após deixar uma amiga em casa, senti-me só no mundo. Como se não houvesse absolutamente nada, nem ninguém a não ser eu mesmo. Não resisti. Desliguei o CD e tentei dialogar com aquele silêncio todo...

Para não perder a riqueza daquela emoção, gravei no celular tudo que me vinha a cabeça. Sabe que gostei? É feio se auto elogiar, mas eu gostei da gravação, embora as frases sejam meio sem nexo e redundantes. Vou tentar colocar aqui a gravação e não apenas o texto.

Tomei coragem e mostrei a um amigo a gravação. Falei que aquilo era um projeto de post para o meu "brog". Ele ouviu e com sua cultura oceanica, disse-me que Torquato Neto, o poeta tropicalista, tinha uma canção cujo sentimento era parecido com aquilo que eu expressava.

Não demorou e trouxe das suas gavetas a música "Três da madrugada", interpretação de Gal Costa. Em nenhum momento passou pela minha cabeça, acredite, me comparar ao grande Torquato em sua poesia. Muito menos foi essa a intenção do meu amigo...

São apenas referências... Para meu amigo, essa letra é a referência da música mais triste da MPB. Para mim, tornou-se uma das referências de poesia que sabe me descrever como eu mesmo não consigo...

Clarice, Pessoa, Jacinto, Quintana, Cecília, Renato e Lulu encontram um novo amigo nas cirandas silenciosas e solitárias das madrugadas... Bem vindo Torquato!

Um comentário:

jacinto correa disse...

�li

Obrigado por me incluir entre os que realemnte merecem cita�o. Fico honrado. Mais ainda de ver vc cada vez mais escritor, cada vez mais poeta, cada vez mais reinventor de si mesmo.
Abs
Jacinto