domingo, 24 de junho de 2007

Juras da manhã


A noite costuma ser boa conselheira. No seu silêncio escuro, muitas vezes a autenticidade explode magnificamente sem que se possa fazer qualquer coisa pra evitá-la.

Assim, sentindo aflorar sua autenticidade em desejos frustrados, debruçou-se sobre o poema de K. Kaváfis:

Jura

Jura de quando em quando começar uma vida melhor.
Mas quando vem a noite com seus próprios conselhos,
Com seus compromissos e com suas promessas;
Mas quando vem a noite com sua própria força,
Para a mesma alegria fatal de seu corpo,
Que quer e que reclama, perdido, ele retorna.


Seus olhos moviam-se rápido enquanto o cérebro lentamente tentava absorver aqueles versos tão autobiográficos.

Ninguém descreveria com tanta propriedade o momento em que vivia, senão como o fez o poema de Kaváfis. E nem sabia por que obra ou mãos aquelas palavras eram tão suas e lhe descreviam tão perfeitamente.

Fechou o livro. Parou pra refletir. Cansou-se e adormeceu entre dúvidas e desejos. Acordou. A manhã promete uma nova jura, um novo poema.

Um comentário:

r a c h e l disse...

... porque às vezes parece simplesmente mais fácil jogar tudo fora e começar de novo. fica faltando meio e fim, fica faltando a briga que faz valer à pena. mas se preserva a sensação de recomeço... mmmmmmm...