quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Sem título

00h51, exatamente três minutos após ter decidido escrever algo para alimentar este tão negligenciado "brog"... Entre um gole e outro de cintilante rubro choroso vinho, alinhavo pensamentos, remoendo alguns sentimentos.

Estou só em casa, cercado de sons que vem da relegada TV. Da rua, vez por outra, sons de pneus atritando o asfalto ajudam-me a dispersar. Quem serão esses seres nortunos escondidos em suas máquinas e pra onde se dirigem a tal hora? Pergunto-me sem muito interesse em saber. Embora não seja difícil imaginar.... Moro muito próximo a um tradiconal ponto de prostituição de rua aqui em Brasília.

Bem, voltemos aos meus pensamentos. Eles agora fluem melhor. Acabo de desligar a TV e fechar a janela, do meu quarto; as janelas do coração estão abertas, mas sem vistas. O vinho já acabou e acabo de devorar um último pedaço de generosa barra de chocolate. Tudo se rende a esta massa escura.. Tudo... e já escrevi sobre isso...

Deixando as divagações, lembro do nosso diálogo outro dia. Falava-me você do cansaço que a vida lhe dá, a falta de esperança e as mesmas babaquices cotidianas que tiram a paciência de qualquer monge. Falava-me ainda que o ser humano é, realmente, o bicho mais escroto que existe. Ao falar, pedia-me para não trazer nenhuma palavra ou frase edificante. Dizia que a sua desesperança era tão inominável que não cabia citações e nem títulos, muito menos resgates.

Não sabia o que dizer. Calei. Achei melhor deixar que os meus ouvidos falassem. Acho que falaram e foram obedientes em não cogitar uma só palavra edificante. Sabe por quê? Porque você tem toda razão! A vida anda uma merda (não a minha, graças a Deus!) no atacado. Entende? No varejo, para algumas pessoas, até que o negócio vai bem... mas para a maioria tá ruim mesmo. Então você tem toda a razão de achar da maneira que acha e ver da maneira que é possível ver.

... ... ... ... ... ... .. . mas não consigo calar uma pergunta. E, por favor, não se irrite, novamente. O que quis dizer, ou melhor, saber quando fiz a pergunta era o seguinte: Você realmente acredita que se fosse diferente você estaria melhor? hum? Será que a cota de desesperança que carrega não é exatamente uma maneira de provocar uma reação contrária? Pergunto, porque uma coisa me parece certa, ao chegar ao fundo do poço não há como afundar mais. Então você para e fica inerte, alheio a merda em que está ou se debate, debate e tenta subir. Acho que você é do tipo que tenta subir. Está tentando subir. Tanto é que está se debatendo entre lamúrias e queixas... ... Quer uma mão? Tenho duas.

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