terça-feira, 17 de julho de 2007

Um abraço


Veio do amigo e poeta Eros, um e-mail super interessante. Trata-se de um cara chamado Juan Mann que ficava parado numa das ruas de Sydney, Austrália, empunhando um cartaz onde lia-se: "free hugs " (abraços de graça). Ele oferecia para as pessoas abraços.

O movimento cresceu tanto que o Conselho da Cidade, segundo o e-mail que recebi, proibiu a campanha. Juan Mann não se deu por vencido e iniciou um campanha para liberar o "free hugs". Conseguiu arrecadar 10 mil assinaturas e iniciar um movimento mundial.

Existe um vídeo dessa campanha mixado com a música All the same, da banda Sick Puppies. O líder do grupo Shimon Moore, tornou-se amigo de Mann depois de ter recebido um abraço dele.

Bem vc pode estar se perguntando "e daí?". Mesma pergunta que fiz, lendo o e-mail. A notícia é velha e o movimento já até chegou ao Rio de Janeiro... mas quando vi o vídeo, achei tão emocionante. Toca-nos. Primeiro, porque parece louco que uma pessoa inicie uma campanha do abraço, mas é mais louco ainda a administração da cidade proibir o movimento. Depois, toca-nos porque vemos no vídeo o quanto as pessoas se transfiguram ao se permitirem abraçar estranhos. Parecem crianças.

Sim, porque abraçar o amorzinho, o papaizinho, a mamaezinha, filhos e toda sorte de gente que conhecemos e temos alguma afinidade, ainda que mínima, é muito fácil. Tão fácil que tornou-se até banal. Agora, abraçar estranhos na rua, exige um total desprendimento, amor e muita coragem, e cá entre nós uma certa infatilidade.

Abraçar é trazer pra junto. É unir coração, respiração, calor, cheiros. É troca. Mas a palavra "troca", assusta, porque nunca sabemos o que nos será levado e o que será recebido do outro... Sem querer ser óbvio, mas já sendo um pouco, não preciso dizer que em época de individualismo extremo, o abraço é algo desencorajado e vem sendo substituído pelo formal aperto mão, que até poderia ser uma versão pocket do abraço, mas cada vez mais conheço pessoas que mal tocam as mãos no cumprimento.

Entretanto abraço reciste ao tempo, aos preconceitos e medos. É algo tão envolvente e importante que para muitos constitui-se em ato religioso. No Rio de Janeiro, há pelo menos uns 15 anos, soube de um cara que oferecia a "terapia do abraço". As pessoas iam nas reuniões e todos se abraçavam. Tinha um quê de religioso, porque havia um trabalho de auto-conhecimento. Lembro ainda de um centro de Umbanda que fui há muitos e muitos anos. Lá, na roda de Pretos-velho, havia uma canção que nunca saiu da minha cabeça:

Um abraço dado
de bom coração
é o mesmo que um benção
Uma benção ou oração.
É bom sentir o calor de um abraço apertado. Pode realmente ter a força de uma oração, mas há tantos abraços. Eu particularmente, gosto muito dos que são dados na chegada. Eles encerram um ciclo de expectativas. Os de despedida, levam um pouco da gente quando acabam.... Os de chegada, não. Somam. Fudem. De qualquer forma, de chegada ou de despedida sempre é bom receber um...

Bem, se você como eu esteve em marte nos últimos tempos e não soube e nem viu o vídeo da campanha "free hugs" o link é esse aí de baixo.
http://www.youtube.com/watch?v=vr3x_RRJdd4&eurl=http%3A%2F%2Fwww%2Efreehugscampaign%2Eorg%2F

Passe lá. Veja. O único risco que você corre é ter vontade de abraçar alguém, uma ação que acredito pode te tornar mais feliz. Eu não tenho dúvidas, você tem? Então tente!

Aproveito para lhe enviar uma silenciosa oração na forma do mais caloroso abraço. Espero que aceite e passe a frente.

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